É de mentirinha, por exemplo, o casamento de Jacobo (Andrés Pazos) e Marta (Mirella Pascual). Forjam uma relação por causa da visita do irmão dele, Herman (Jorge Bolani), que mora no Brasil e retorna ao Uruguai para uma cerimônia funeral. Whisky não procura causas para a fraude – Jacobo não é homossexual, por exemplo. Somente explicita os efeitos para elucidar que existe uma preocupação, um medo de frustrar expectativas.
Na verdade, Jacobo é dono de uma fábrica de meias, na qual trabalha junto à gerente Marta e outras duas funcionárias. Seu irmão é um empresário bem-sucedido no Brasil, casado e pai de duas filhas.
Whisky não almeja ser um filme conclusivo. O espectador é jogado no meio da história, supõe-se o começo daquela relação fraternal e adivinha-se o fim. Se Marta parece apaixonada por Jacobo ou mesmo pelo falso cunhado, essa conclusão é fruto da intuição de quem assiste, não um apontamento de seus diretores. Ou seja, nada é exposto como algo definitivo, nada é sugerido para ser em seguida resolvido, nem mesmo a estrutura narrativa. A felicidade de Marta e Jacobo residia no dia-a-dia, no chá que ela preparava para ele, nos ruídos do maquinário da confecção, omitidos sob o signo da rotina. Mas até isso é conclusão de quem vê, e não de quem filma.
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