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Sábado, 27 de Abril de 2024

Em Paranapiacaba, a morte perpetuada
Ademir Medici
19/08/2016 | 07:00
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 Remigio Todeschini foi ao Festival de Inverno de Paranapiacaba e aproveitou para visitar o cemitério-museu da vila ferroviária, o Bom Jesus. Estudioso dos acidentes e doenças profissionais, Remi observou os vários jazigos de trabalhadores da antiga estrada de ferro São Paulo Railway mortos no exercício da profissão.

Desde a construção da ferrovia e até a metade do século 20, os jornais paulistanos mantinham correspondentes no Grande ABC, então chamado município de São Bernardo. E os vários casos de acidentes ferroviários eram matéria obrigatória, daí os tantos registros reprisados aqui em Memória.

Agora, o olhar de Remi, sindicalista que dirige a antiga Caixa de Pensões dos Servidores de Santo André, atual Instituto Municipal de Previdência.

A construção da história passa, também, pela periculosidade profissional, quando a prevenção de acidentes apenas engatinhava, tanto que foi comum o trabalho de menores em ambientes perigosos.

Acidentes fatais no trabalho ferroviário

Texto: Remigio Todeschini

O nascimento da Previdência no Brasil (1923) teve como principal componente de luta os ferroviários da Santos-Jundiaí. Trabalhadores em geral ficavam sem proteção quando adoeciam e seus familiares não tinham pensões em caso de mortes.

A proteção contra acidentes veio em 1919, devido aos constantes acidentes. Interessante ver que essa acidentalidade fatal era uma constante entre os ferroviários, e isso pode ser observado visitando o cemitério perto da Igreja de Paranapiacaba, em Santo André. <TB>Em recente visita feita ao cemitério, observam-se algumas lápides relativas a acidentes. Três delas são de dois foguistas e de um maquinista ocorridas entre 1920 e 1924.

As lápides são lacônicas: aqui jaz João Silvério de Miranda, foguista, que morreu no seu posto no dia 14-6-1920; João Appolinario, maquinista, que morreu no mesmo dia.

Há outra lápide perto do muro do cemitério que, meio apagada, mostra que o foguista José Silvano Leme morreu em 1º-4-1924. Os três casos com a homenagem póstuma da Railway Companny.

A pergunta que vem: como foram esses acidentes? Em que situação morreram no posto de trabalho? Ocorreram esses acidentes na descida da serra?

Essas e outras mortes, já que muitas lápides estão sem inscrições, poderão elucidar o duro e perigoso trabalho que os ferroviários estavam submetidos no fim do século 19 e início do século 20.

Também acidentes fatais continuaram ocorrer nos anos de 1970, como o de Silvério Ramos em 8 de junho de 1971, cuja inscrição na lápide diz: ‘Falecido em consequência de seu amor ao trabalho’.

Talvez por meio da página Memória se possa reconstituir a memória desses acidentes, importante para a história operária do Grande ABC.

NOTA DA MEMÓRIA

Prezado Remi, cada uma dessas datas que você registrou nas campas conduz à imprensa paulistana da época, com os seus Correio Paulistano, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, La Fanfulla e outros jornais.

Normalmente os acidentes são pormenorizados nas páginas, os mais graves com ‘suítes’ ou desdobramentos noticiosos.

Memória tem feito leitura sistemática dos jornais de então. Anotamos os casos. Divulgamos cada um, como os dos três operários portugueses atropelados em 1916 no Alto da Serra quando faziam trabalhos de manutenção das linhas e não viram, nem ouviram, a chegada da composição que os pegou em cheio. A neblina, ainda mais intensa do que nos dias presentes, foi a principal causa daquele episódio, dizem os jornais.

Até recentemente a Ferrovia distribuía ao longo das linhas ferroviárias advertências do tipo: ‘Pare, olhe, escute’ – certamente em função dos casos registrados.

Diário há 30 anos

Terça-feira, 19 de agosto de 1986 – ano 29, edição 6215

Manchete – Carne só chega aos açougues na próxima semana. Comércio vai ser atendido depois de o produto importado ser distribuído na Capital

Movimento Sindical – Greve dos servidores impede segurados da Previdência de receber o auxílio-doença; revolta e desespero em frente ao prédio do INPS em Santo André.

Em 19 de agosto de...

1916 – Morre o chapeleiro Álvaro Lissandreilo, que estava no automóvel que dias antes se chocara contra o arco do pedágio entre o bairro dos Meninos e São João Clímaco. Álvaro estava internado na Santa Casa de São Paulo.

A guerra. Do noticiário do Estadão: os turcos na Galícia; interdição de exportações inglesas para a Suécia.

1956 – Lançada a pedra fundamental da central telefônica automática da CTBC em São Bernardo, na Rua Imperador Pedro II, nº 53.

Nota – Neste mesmo local funcionou, na metade do século passado, o posto telefônico da antiga CTB (Companhia Telefônica Brasileira). São saborosas as histórias a respeito, das antigas telefonistas e da demora em seu conseguir uma ligação. O prédio de 1956 está fechado, pichado, a exemplo da antiga sede da CTBC, na Avenida Portugal, Santo André.

Hoje

Dia Nacional do Historiador

Dia do Ator

Dia Internacional do Fotógrafo e da Fotografia

Nesta data, em 1986, o Diário dedicou uma página inteira em homenagem ao Dia Internacional do Fotógrafo e da Fotografia, com uma seleção de belas fotos feitas pelos profissionais do jornal.

Junto às fotos, os nomes da equipe:

Fotógrafos – Alberto Murayama, Artur Florêncio, J. B. Ferreira, João Colovatti, Luciano Vicioni, Mauricio Pavan, Reinaldo Martins, Ricardo Hernandes, Sérgio Stanziani, Vânia Delpoio e Wilson Magão.

Laboratoristas – Carlos Fernando Silva, Marcelo Sangiacomo e Paulo Roberto de Souza (Paulão).

Legenda geral – ‘Imagens que valem por mil palavras.’

Santos do Dia

São João Eudes (França 1601 – 1680). Sacerdote e missionário. Fundou a Congregação de Jesus e Maria e a congregação ‘Irmãs do Bom Pastor’.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Luís de Tolosa

Sisto III

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários neste dia 19 de agosto: João Dias (Rio Grande do Norte), Nova Monte Verde (Mato Grosso), Pilões (Rio Grande do Norte) e Vianópolis (Goiás).




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