O Brasil se inscreveu para receber a Olimpíada sem ter condições financeiras e estruturais. O Rio de Janeiro foi escolhido em 2009 numa disputa final com Chicago (Estados Unidos), Tóquio (Japão) e Madri (Espanha). Gastou-se bilhões de dinheiro público em arenas esportivas sem que as áreas de Saúde e Educação, por exemplo, estejam bem organizadas. Colocou-se o carro à frente dos bois. Agora, estamos a duas semanas da abertura do maior evento esportivo do mundo, o primeiro em território de língua portuguesa. Não há mais o que fazer? Sim, há. É hora de participar e torcer. 

Deixar a politicagem de lado e incentivar nossos atletas. Aproveitar esse momento e disseminar o espírito olímpico a amigos e familiares. Espalhar os conceitos de respeito, de superação, de competitividade, de ética. Ensinar a nossos filhos a filosofia empregada pelo francês Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos da Era moderna. “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade.” Esse era o lema do educador, apesar de a frase ser atribuída a um bispo de Londres, em ato religioso antes dos Jogos de 1908.

De 5 de agosto a 21, cerca de 10,5 mil atletas disputarão 2.488 medalhas de ouro, prata e bronze. Significa que a cada quatro competidores, apenas um estará no pódio. Haverá alegrias e decepções. Lágrimas de vitórias e de derrotas. Felicidade. Dor. A transmissão das competições será para 203 países. Cinco bilhões de telespectadores. 

O mais importante disso tudo não estará explícito ao planeta. Trata-se da incorporação do espírito olímpico no dia a dia das pessoas. É semear os ensinamentos do Esporte, uma ferramenta fundamental para a transformação social. É assimilar que não é possível vencer sempre. É entender que as crianças e jovens têm de ter em quem se espelhar para trilhar o futuro. É por meio dos bons exemplos que se constrói uma sociedade melhor.

Que a chama olímpica, que passou ontem pelo Grande ABC, os jogos, o desempenho dos atletas, o estoicismo e as histórias de perseverança contaminem os homens públicos para executarem suas atribuições com maiores seriedade, zelo e honra. O Brasil agradece.