E o motivo é simples: sobram dólares nos cofres dos bancos, nacionais e estrangeiros, seja para operaçoes de financiamento à exportaçao e à importaçao, seja para empréstimos em moeda estrangeira de um ano até quatro anos de prazo. E há demanda também, por causa do prazo maior e do custo menor do que os empréstimos em reais e mesmo do que as captaçoes diretas de empresas no mercado internacional.
"Há oferta, há estoque e o prazo e o custo sao atrativos", diz o diretor de Operaçoes Cambiais do Unibanco, Carlos Cézar Menezes. "Dinheiro para oferecer, os bancos têm; existe disponibilidade, sim", reforça o diretor de Produtos do BankBoston, Luiz Yamazaki.
Os empréstimos em moeda para outras finalidades que nao exportaçao e importaçao custam, em média, 9% ao ano mais a variaçao cambial, para financiamentos de até um ano de prazo, chegando até 11,5% pelo prazo de quatro anos, ficando em 10,5% e 11% para dois e para três anos, respectivamente. A esses juros, os bancos acrescentam de 1% até 3% a título de taxa de risco.
Além dos prazos mais longos do que qualquer empréstimo ou financiamento em reais, exceto os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cuja Taxa de Juros de Longo Prazo é, até o final deste mês, de 11% ao ano. Mas as outras categorias de empréstimos e financiamentos de bancos privados e oficiais custam bem mais caro e seu prazo nao vai além de seis meses.
"Para os prazos mais longos, a vantagem ainda é boa nas taxas para as pequenas empresas, que pagam juros de 15% ao ano para o crédito em dólar e 40 ou 50% ao ano em reais", assinala o vice-presidente do Bradesco Antônio Bornia.
"O banco pode pegar dólar e pode repassar a dois ou três anos, e nao faz isso em reais, porque normalmente o dinheiro externo é de prazo mais longo", lembra o executivo, cujo banco, na sexta-feira mesmo anunciava uma captaçao de US$ 150 milhoes em eurobônus, contrariando as análises que davam como moribunda a atratividade das captaçoes em dólar por causa do corte no juro doméstico, enquanto o juro externo suponham que deva subir mais.
Bornia lembrou que, ainda com uma eventual diminuiçao generalizada dos juros internos, deve manter-se a demanda por dólar dos exportadores, cujo faturamento é também em dólar, logo dispoem do que se chama de "hedge" (proteçao, seguro) cambial natural. "Fizemos mais de US$ 500 milhoes em Adiantamentos de Contrato de Câmbio este mês e isso mostra que tem espaço para colocar dinheiro, mesmo que em prazo mais curto, para comércio exterior", sublinha Bornia.
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