A Volkswagen paralisou a produção na planta de São Bernardo ontem e na segunda-feira por falta de peças na linha de montagem. A multinacional alemã acusa novamente o grupo Prevent de atrasar o fornecimento de bancos automotivos. A empresa Keiper, que possui fábrica em Mauá, integra o conglomerado. Não foi informado se haverá expediente hoje.

A montadora afirma que, desde o ano passado, vem enfrentando problemas em razão da irregularidade no serviço prestado pelo grupo. Entre março de 2015 e maio de 2016, a Volkswagen diz ter perdido 56 dias de produção nas fábricas brasileiras devido aos atrasos no fornecimento dos bancos. Essas paralisações fizeram com que cerca de 35 mil veículos deixassem de ser fabricados no período. A empresa não divulgou balanço atualizado.

Há pouco mais de um mês, o Diário tenta entrar em contato com representantes do grupo Prevent por e-mail e por telefone, mas nunca recebeu qualquer resposta sobre os motivos dos problemas no abastecimento à Volkswagen. Segundo informações de bastidores, os atrasos seriam uma tentativa de forçar a montadora a reajustar o valor das peças.

Em maio, a Justiça expediu liminar obrigando o grupo do qual a Keiper faz parte a regularizar o fornecimento imediatamente, sob risco de ser multada em R$ 500 mil por dia em caso de descumprimento. A Volkswagen também reivindica no Judiciário a retirada de seu maquinário em poder da fornecedora em regime de comodato para que possa viabilizar a confecção dos bancos por outro fabricante. Entretanto, o juiz Maurício Tini Garcia, da 2ª Vara Cível de São Bernardo, indeferiu o pedido “pois nem sequer restou comprovada a redução substancial de fornecimento de peças, quiçá a paralisação total do fornecimento a evidenciar o ‘descumprimento da decisão liminar’”.

No processo, a Keiper justifica que está com “dificuldades em atender o fornecimento das peças em face de embaraços nas negociações com seus fornecedores” e que “tais empresas, buscando reequilíbrio econômico, alteraram o valor de venda das matérias-primas, montante este que foi repassado à requerente (Keiper), culminando neste imenso imbróglio criado pelas partes”.

Problema semelhante envolvendo reajuste dos preços das peças está sendo enfrentado pela empresa Metalzul, sediada na Capital e que neste mês entrou na Justiça para requerer a falência da Volkswagen. A proprietária da companhia, Cornélia Kriemann, alega que a montadora lhe deve cerca de R$ 6 milhões após passar por phase out, que é o processo de descredenciamento do fornecedor. A juíza Fabiana Feher Recasens, da 1ª Vara Cível de São Bernardo, determinou que a multinacional tem até o fim do mês para apresentar contestação ou pagar os débitos com correção monetária.