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Sábado, 27 de Abril de 2024

Fim de semana fortíssimo
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
24/03/2007 | 07:00
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Será um fim de semana de homenagens – a brasileiros e estrangeiros que se imortalizaram graças às suas geniais composições. Os brasileiros Camargo Guarnieri e Radamés Gnatalli serão reverenciados, respectivamente, pela Orquestra Sinfônica de Santo André e pelo Trio Opus 12 de Violões – ambos pelos 100 anos de nascimento. Glinka e Grieg são os escolhidos da Orquestra Filarmônica de São Bernardo para lembrar os respectivos 150 e 100 anos de morte. Todo esse repertório poderá ser apreciado gratuitamente.

A Orquestra Filarmônica de São Bernardo, regida por Roberto Tibiriçá, fará dois concertos no Cenforpe – neste sábado, às 20h, e neste domingo, às 19h – com participação do conceituado pianista brasileiro Caio Pagano.

O programa inclui a abertura da ópera Ruslan e Ludnmila, de Glinka; o Concerto nº 1 para Piano, de Liszt e o Concerto para Piano e Orquestra, de Grieg. Pagano participa das duas últimas, apontadas como célebres criações de seus autores.

“O grande desafio de executar este Concerto nº 1 é que ele foi escrito por um virtuoso, que é Liszt. Na época em que foi escrito, muita gente não tinha capacidade de tocar. A Clara Schumann, que era a mais famosa pianista daquele tempo, julgava impossível”, diz Pagano. Segundo o pianista, Liszt criou “truques” que faziam a execução parecer bem mais difícil. Com o tempo, suas técnicas foram sendo estudadas e dominadas.

Ainda assim, Concerto nº 1 é desafiador. Alguns optam por executá-lo num tempo mais rápido, para valorizar o virtuosismo. Não é o caso de Pagano: “Não é uma boa solução. É circense. Sou contra os excessos”, afirma.

Grieg, que demonstra em seu único Concerto para Piano a influência de Liszt, protagonizou uma história curiosa ao lado do ídolo: “Ele soube que Liszt estaria numa recepção e então apresentou-lhe esta obra, que Liszt leu direto, de primeira mão. Deve ter sido engraçadíssimo, porque Grieg pensou que havia levado algo complexo, mas Liszt não teve nenhuma dificuldade. No entanto, ele previu que obra teria grande futuro, pois era muito bonita. Grieg acabou não criando mais concertos para piano e orquestra, mas esta obra o lançou nos principais meios”, explica Pagano.

Para o pianista, Grieg tem a virtude de ser um excelente melodista. “Com Grieg, você passa o tempo todo ouvindo e falando ‘ooh’. As pessoas saem do concerto assobiando. Liszt é lindíssimo, mas é mais virtuosístico”.

Brasileiros - A escolha não poderia ter sido mais acertada. Lutero Rodrigues, que há 20 anos se dedica à pesquisa, divulgação e interpretação do repertório brasileiro (tendo realizado um excelente trabalho à frente da extinta Sinfonia Cultura), é quem conduz a Sinfônica de Santo André nos concertos em homenagem a Camargo Guarnieri, neste sábado e neste domingo, às 20h, no Teatro Municipal da cidade.

O programa é um biscoito fino para o público: inclui a Sinfonia nº 2 e a ópera cômica Pedro Malazartes, cujo libreto foi escrito por Mário de Andrade. Esta obra, mais executada que as óperas de Carlos Gomes, será apresentada em forma de concerto, com a participação de Edinéia de Oliveira (mezzo soprano), Sandro Bodilon (barítono) e Paulo Queiroz (tenor), além do Coro de Câmara de Santo André, regido pelo maestro Roberto Ondei.

Neste sábado, o público ainda conta com uma atividade especialíssima: às 18h30 a viúva de Camargo Guarnieri, Vera Sylvia Camargo Guarnieri, participará de um bate-papo sobre este que é um dos mais prestigiados autores brasileiros. A Orquestra, vale adiantar, se apresentará também na próxima quarta-feira (dia 28), com As Choronas. Na regência, Flavio Florence, o titular.

Radamés - Neste domingo, às 11h, no Sesc Santo André (tel.: 4469- 1200), o Trio Opus 12 de Violões homenageará Radamés Gnatalli por seus 100 anos de nascimento (completos em 2006). Paulo Porto Alegre, Edelton Gloeden e Daniel Murray apresentam o show Radamés e Seus Amigos, com obras do compositor para homenagear seus amigos, como Pixinguinha e Ernesto Nazareth, obras de compositores que o influenciaram, como Villa-Lobos e de autores por ele influenciados, como o próprio Paulo Porto Alegre, seu ex-aluno.



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