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Palavra do Bispo
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Casa comum: nossa responsabilidade

A preocupação com a natureza, o clima e a degradação do meio ambiente é geral...

Dom Pedro Carlos Cipollini
08/02/2016 | 07:00
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A preocupação com a natureza, o clima e a degradação do meio ambiente é geral. Tanto assim que a Carta Encíclica do Papa Francisco sobre a ecologia (Laudato sì) foi muito bem recebida. A Igreja no Brasil, desejando sintonizar-se com o Evangelho da Vida, coloca para a reflexão dos cristãos e pessoas de boa vontade a CF (Campanha da Fraternidade), iniciando-a na Quarta-Feira de Cinzas, princípio da quaresma.

A violência que está no coração humano ferido pelo pecado vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres, os mais abandonados e maltratados, constata-se que nosso planeta Terra está oprimido e devastado, o ser humano tem se esquecido que é a Terra a casa comum que nos abriga. Terra que não pode continuar a ser destruída devido à ganância e falta de cuidado.

Neste ano de 2016, a CF será ecumênica, ou seja, realizada em união com outras denominações cristãs. O tema é indicativo: Casa comum: nossa responsabilidade. Por casa quer-se dizer nosso planeta Terra, espaço vital em que estamos, criação de Deus que deve ser preservada com respeito e carinho.

A CF deste ano tem por lema: Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca. Frase que está na Bíblia lá no profeta Amós (Am 5,24).

Qual é o objetivo específico da CF deste ano? O objetivo é sempre a vida, mas, com enfoque particular. Neste ano há o desejo de se refletir e trabalhar para assegurar o direito ao saneamento básico. Direito este para todas as pessoas, assim, somos chamados a empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa casa comum.

O saneamento básico é um direito humano fundamental, desprezado em muitos lugares. Especialmente onde o descaso, a incompetência e a corrupção impedem de se executar tantos projetos, que poderiam melhorar a qualidade de vida da população. Desta maneira, a CF deseja mobilizar as consciências e promover o comprometimento com a preservação de nossa casa comum: nosso planeta Terra.

Qual a motivação desta campanha e deste tema e por que ser ecumênica? A motivação não é outra se não a nossa fé em Jesus Cristo. Esta fé exige de nós a prática da caridade, que é amor e serviço. Jesus disse que veio para servir e que estava no meio de nós como aquele que serve. Isto porque a prova de que amamos é o serviço aos irmãos, em especial aos que mais sofrem e são mais frágeis.

Precisamos aceitar o convite de refletir e de nos empenharmos na promoção da vida digna para todos, buscando profeticamente questionar as estruturas que causam ou legitimam vários tipos de exclusão; especialmente aquela que priva do saneamento básico tantos e tantos seres humanos, obrigados a viver de forma indigna.

A falta de saneamento básico tem a ver não só com falta de planejamento e incompetência, mas também com a corrupção. Ela tem aparecido como a principal preocupação dos brasileiros, mais que a preocupação com a segurança e o desemprego em crescimento. Os recursos para o saneamento básico muitas vezes não chegam. Não há muito interesse em construir rede de esgoto e demais benfeitorias que não são tão visíveis como pontes, prédios e outros edifícios. Este é ano eleitoral e a população precisa levar ao ‘tribunal das urnas’ de votação todos os encarregados de melhorar a qualidade de vida da população que não cumpriram seu dever.

Vamos viver bem esta CF, preparando-nos durante a Quaresma para celebrar, na Páscoa, a vitória de Jesus Cristo, que é nossa também. Deus abençoe a todos.

* Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André. 




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