Um batalhão com 161 flamingos-chilenos acaba de aterrissar (aterrissar mesmo, porque não chegaram voando) no Zoológico de São Paulo. Eles vieram de um criadouro em Bauru, transportados por dois caminhões em uma viagem que durou dois dias. Como as aves são sensíveis, os veículos rodaram bem devagar nos cerca de 330 quilômetros de percurso.

Há seis espécies de flamingos. O chileno é o único que vive originalmente no Brasil. É o de menor porte, variando de 96 cm a 107 cm e cerca de 2 kg, sendo que a fêmea é menor. A plumagem é rosa, tendo o bico preto, assim como as bordas das asas. As pernas bem fininhas também são rosadas, sendo bem mais escuras no joelho. Quando é jovem, essa parte é cinza amarronzado. Além do Brasil, essa ave habita Peru, Chile, Bolívia e Argentina.

O maior deles é o flamingo-grande ou flamingo-vermelho, que também pode ser encontrado por aqui, trazido das ilhas Caraíbas e Galápagos. Mede de 120 cm a 145 cm e tem as penas cor de carmim (avermelhado), assim como o bico com a extremidade preta.

As outras espécies recebem o nome de flamingo-rosa, flamingo-andino e flamingo-da-puna. Em geral, fazem voos curtos, de 500 m por dia, em busca de alimento e locais para fazer ninho; por isso, os que foram para o Zoo tiveram parte da asa cortada. Alimentam-se de larvas, moluscos, pequenos crustáceos e algas. Costumam filtrar o alimento na água com o bico; abrem e deixam entrar grande número de pequeninos animais. Quando fecham o bico, a água escorre e o alimento fica preso. Daí, usam a língua para selecionar o que lhes interessa.

É rosa por causa da comida

A pena do flamingo é rosa ou avermelhada por causa da alimentação. Grande parte dos invertebrados que come, como crustáceos, possui uma substância chamada caroteno, que é um pigmento natural que dá cor a animais e plantas. Na falta dela, as penas da ave ficam esbranquiçadas; por isso, os que vivem em cativeiro recebem com a refeição um corante em pó chamado coloral, obtido da semente do fruto urucum, para manter a pena rosada. Isso ocorre com outras aves, principalmente as de tons rosa, vermelho e laranja.

As penas do guará, por exemplo, são bem vermelhas, tanto que seu nome significa pássaro vermelho na língua dos índios. Alimenta-se especialmente de um caranguejo que dá essa pigmentação às penas. Vive no Litoral Norte e Sudeste do Brasil, mede cerca de 60 cm, tem bico fino, longo e curvado.

Outra ave em que acontece o mesmo é o colhereiro, que tem esse nome por causa do seu bico em forma de colher. Pode ser encontrada desde o Sul dos Estados Unidos até a Argentina e alimenta-se de crustáceos. Mede cerca de 80 cm.

Saiba mais

- O flamingo vive em grupos e se reproduz uma vez ao ano. Nessa época constrói ninhos altos em forma de torres. A fêmea bota só um ovo por vez e se reveza com o macho para mantê-lo aquecido por cerca de 30 dias, quando nasce o filhote.

- Quando nasce, as penas do flamingo são brancas, por falta do pigmento dos crustáceos que o adulto come. Mas isso dura pouco. Por dois meses, os pais lhe oferecem alimento semidigerido, porque ainda não tem bico resistente para comer sozinho.

- Habita lugares que não são muito frequentados por outras aves, como salinas (local onde se produz sal por evaporação da água do mar). Nessas áreas encontra muitos pequenos crustáceos para se alimentar. Lá também se sente seguro para fazer seu ninho.

Consultoria de Luís Fábio Silveira, curador das coleções de aves do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo