Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Domingo, 28 de Abril de 2024

De olho nos filhos com o rastreador
Alexandre Calisto
Especial para o Diário
01/06/2011 | 07:00
Compartilhar notícia


O rastreamento de veículos, antes usado só para localizar o automóvel ou carga roubada, hoje também pode servir como ferramenta para os pais que buscam oferecer segurança aos seus filhos e também ficar mais tranquilos.

A questão parece polêmica, envolve segurança e privacidade, mas certamente reflete a situação perigosa nas ruas e estradas do País.

O sistema de rastreador é o mesmo e muito conhecido. Por meio dele é possível saber exatamente onde o veículo está e, dependendo do serviço, a velocidade e até se chove forte.

Rastrear o veículo não é uma questão de não respeitar a privacidade do outro, mas sim de segurança", afirma o empresário Silvio Torres, 46, que instalou o equipamento no carro do filho, Leonardo, 22 anos. "Por meio do rastreador eu consigo ver se ele está na faculdade, na casa da noiva ou até em um bar", conta.

Para Leonardo, a decisão de instalar o dispositivo foi bem aceita, porque além da segurança, os pais diminuem o nível de preocupação. "Muitas vezes largava o celular na bolsa ou acabava a bateria e meu pai sempre ligava preocupado. Com o rastreador, ele não fica angustiado, pois ele sabe onde estou."

Para o consultor em segurança e tecnologia Rogério Aparecida, independentemente do uso, seja por empresas ou carros de passeio, é pela falta de segurança que as pessoas procuram esse tipo de serviço. "Muitas pessoas usam contra roubo ou até como monitoramento, afinal o fator principal é a segurança."

Silvio Cirelli, diretor da Quanta Tecnologia, empresa fabricante de sistemas de rastreamento, também instalou a tecnologia no automóvel do filho e, para ele, a questão a ser debatida não é a invasão de privacidade e sim a segurança, não só patrimonial, mas também pessoal. "Se o carro for roubado, tem seguro, o que devemos pensar é na falta de segurança."

Segundo o estudante Marcelo Cirelli, 21, não há problema algum em ser monitorado quando a relação com os pais é aberta. "Nós nunca tivemos problemas, sempre conversamos, e com o dispositivo reforçamos nossa confiança e conquistei mais liberdade." afirma.

Diversos serviços são oferecidos além do rastreamento. Segundo Aparecida, o dispositivo tem várias utilidades e não necessariamente só para monitoramento. "O equipamento pode ser usado como telemetria, serviço usado com frequência por empresas." Ele ainda explica que alguns serviços disponibilizam para o usuário a quantidade de vezes que o motorista pisou no freio e até mesmo se o veículo está em alta velocidade no momento de chuva forte.

MERCADO EM EXPANSÃO

De acordo com Cirelli, o que impede ainda o forte crescimento do mercado é a relação custo-benefício. "Os produtos hoje estão com uma faixa de preço e mensalidade que as classes média e alta já podem pagar. Porém, o Brasil é composto 70% pelas classes C e D e, para massificar seu uso, é necessário baratear os custos, diminuir o preço", aponta. Ainda segundo ele, o mercado tem de se expandir, pois todas as classes vivem o problema da falta de segurança, e as mais baixas talvez sofram mais ainda com a situação.

Como funciona o sistema

O sistema de rastreamento conta com dois principais elementos, o receptor de GPS e a central de monitoramento, que capta as informações. O GPS determina a posição e o local exato do veículo e transmite a informação para a central, que acompanha o movimento do automóvel.

Existem três formas de transmissão e troca de informações: via rádio, via 2G, como o celular, e via satélite. As diferenças entre as três começam no preço.

O sistema via rádio é considerado o mais barato. Porém, sua cobertura é limitada e pouco usada. Segundo o diretor da Quanta Tecnologia, Sílvio Cirelli, o uso dessa tecnologia é insignificante no Brasil.

O preço do equipamento é de R$ 500, em média, com mensalidade que pode ser encontrada pelo valor de R$ 50.

O 2G funciona como o celular, ou seja, onde houver sinal de transmissão, haverá o rastreamento. No ranking de preço, o dispositivo fica em segundo lugar. O valor estimado varia de R$ 1.000 a R$ 1.500, com mensalidade de R$ 100.

O sistema de troca de informações via satélite é usado por caminhões, pois esses veículos circulam por várias cidades, e só por meio da tecnologia é possível encontrar o automóvel em qualquer lugar do mapa, como por exemplo em uma área rural ou deserta. O valor estimado do equipamento é de R$ 3.000, com a manutenção mensal de R$ 200 a R$ 300.

Ainda de acordo com Cirelli, os valores variam de operadora e serviço adquirido. Segundo ele, o mercado cresce e oferece cada vez mais serviços para proteger o veículo, até mesmo do condutor.

Em alguns casos, empresas investem além da proteção da carga. Procuram serviços como a telemetria, que possibilita saber como o funcionário está dirigindo, conhecer a velocidade, se utiliza muito os freios, se gasta excessivamente os pneus, e até o botão de pânico, que dispara um alarme para o carro ser encontrado dentro de um estacionamento, por exemplo.

De acordo como consultor em segurança e tecnologia Rogério Aparecida, é possível comprar o rastreador e obter esses serviços ao longo do tempo. "Ele é um equipamento que envolve diversos acessórios. Você o compra bruto e pode usá-lo em situações diferentes." explica.

Obrigatório em 2012

De acordo com a resolução 245 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), a partir de 2012 os veículos comercializados no mercado interno, nacionais e importados, deverão sair com o equipamento antifurto instalado.

A medida vale para todos os tipos de veículos, como os de passeio, comerciais, caminhões, ônibus, motocicletas, triciclos e até mesmo quadriciclos.

A partir do dia 15 de janeiro, 20% dos automóveis deverão sair de fábrica com o rastreador. A meta é atingir 100% de toda produção interna até agosto de 2012. Ao longo do ano as mudanças devem ser realizadas proporcionalmente. O prazo é estendido no caso dos ciclomotores, motonetas, motocicletas, triciclos e quadriciclos, que têm até janeiro de 2013 para atingir 100% da produção.

Segundo o consultor em segurança e tecnologia Rogério Aparecida, a medida tem seus benefícios e ajudará os motoristas. "Uma das vantagens é que o dono do automóvel não vai ter que modificar a estrutura do veículo para instalar o equipamento."

O especialista aponta que o proprietário não colocará em risco a garantia do automóvel e não sofrerá implicações com o seguro. Ele ainda explica que ficará a critério do comprador ativar, ou não, o dispositivo instalado na fabricação.

Outro objetivo da resolução do órgão nacional é diminuir o número de roubos de automóveis. É o que confirma o diretor da Quanta Tecnologia, empresa de sistemas de rastreadores, Sílvio Cirelli. "A lei visa aumentar a segurança dos motoristas e reduzir os índices de roubo e furto."

Adiada desde agosto de 2009, a resolução enfrenta desafios na prática devido a problemas na preparação da infraestrutura de operação do Sistema Integrado de Monitoramento e Registro Automático de Veículos.

Homologadas pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), empresas como a Car System e a Tracker do Brasil, fabricantes de sistemas de rastreadores, atuarão oficialmente como provedoras de serviços de monitoramento e localização dos veículos recém-fabricados.

O sistema, além de funcionar como dispositivo antifurto convencional, também poderá ser usado para bloquear o veículo, item também previsto na resolução do Contran. O veículo que sair de fábrica sem cumprir a norma não será registrado nem licenciado.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.