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Mercedes e sindicato se reúnem, mas não chegam a consenso

Empresa mantém decisão de demitir 500 em lay-off; entidade dos trabalhadores volta a conversar com a montadora na segunda

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
21/05/2015 | 07:14
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Andréa Iseki/DGABC


Terminou ontem, sem avanços, a reunião entre a direção da Mercedes-Benz e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em que a entidade dos trabalhadores buscava discutir alternativas à demissão de 500 empregados atualmente em lay-off (ou seja, com contratos de trabalho suspensos temporariamente) na fábrica de São Bernardo, decidida pela montadora. Novo encontro foi marcado para o dia 25, segunda-feira.

Segundo o diretor do sindicato Moisés Selerges, a empresa segue dizendo que vai manter as rescisões de contratos desse pessoal, mas ele salienta que existe acordo firmado para que a suspensão vá até dia 15 de junho. A empresa quer cortar esse pessoal até dia 29 deste mês. “Não chegamos a um consenso, queremos acreditar que será possível uma solução negociada”, afirmou. “Se a empresa demitir, vai ter reação dos trabalhadores”, reforçou o dirigente. Ou seja, pode haver nova greve na fábrica.

Há um mês, a companhia havia informado que mandaria embora os trabalhadores em lay-off no dia 4 de maio, mas após paralisação que durou cinco dias, no fim de abril, a montadora voltou atrás, e estendeu até 15 de junho a suspensão de 500 empregados e até 30 de setembro para 215 operários que possuem estabilidade, por terem doença profissional.

Por meio de boletim informativo aos empregados, a Mercedes-Benz disse que “mantém sua necessidade e decisão de rescindir os contratos de trabalho de grupo em lay-off, tendo em vista tratar-se de excesso de pessoal suportado desde o início de 2014”. Conforme foi reconhecido pela montadora, hoje existe excedente de 1.750 funcionários na fábrica de São Bernardo.

Selerges salientou que, por mais que a empresa diga que está arcando com esse pessoal em casa há um ano, não se pode esquecer que, de acordo com a legislação, a empresa é dispensada de recolher encargos trabalhistas dos suspensos.

O dirigente também aposta que o governo encampe logo a ideia de um sistema de proteção ao emprego, que traria mais fôlego a setores em crise, ao permitir, por um período de até dois anos, a redução da jornada com diminuição de salários. “A Mercedes precisa ter mais paciência, mesmo porque investiu em treinamento desses trabalhadores e, mesmo que não haja perspectiva de melhora no curto prazo, pode ser que o mercado tenha uma reação”, afirmou. A montadora sugere reduzir a jornada em 20% com salário 10% menor durante um período.

CRISE - Além da decisão de demitir 500 suspensos, a empresa anunciou na segunda-feira que vai colocar em férias coletivas toda a área produtiva, cerca de 7.000, por 15 dias a partir de 1º de junho.

Em conversa do presidente da montadora, Philipp Schiemer, na segunda, com os funcionários na unidade são-bernardense (em áudio de 21 minutos ao qual o Diário teve acesso), o executivo disse que houve menos de 100 inscritos no PDV (Programa de Demissão Voluntária), o que contribuiu à medida que visa os cortes.

Ele afirmou ainda que a situação da empresa, por causa da queda do mercado – as vendas de caminhões de janeiro a abril estão 39% menores do que no mesmo período de 2014 –, é difícil, e que dentro dos pátios da fábrica e nas concessionárias da marca há estoque para quatro meses, número excessivamente alto. “Poderíamos parar de produzir por quatro meses e nada aconteceria; é mais um sinal preocupante”, disse, no áudio. 




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