Percentual supera em quase oito vezes a inflação de abril; cebola chega a subir 185% em um mês em hipermercado do Grande ABC
Fazer compras neste mês pode pesar ainda mais no bolso da dona de casa do Grande ABC. De acordo com levantamento do Diário, que foi ontem novamente ao super e hipermercado para verificar o comportamento dos preços de cesta de alimentos básicos, num intervalo de 30 dias, o consumidor da região que optar pelo estabelecimento de menor porte poderá pagar até oito vezes mais do que a inflação mensal. Isso porque o kit de produtos no supermercado encareceu 5,51%, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu alta de 0,71% em abril.
Os 17 itens necessários para alimentar uma família de quatro pessoas durante uma semana foram os mesmos pesquisados em 15 de abril, nos mesmos supermercado e hipermercado da região. O objetivo foi avaliar o impacto da inflação em produtos essenciais.
Ao visitar o supermercado, foi possível notar que o conjunto de produtos que anteriormente custava R$ 94,13, hoje sai por R$ 99,32. A diferença de R$ 5,19 representa inflação de 5,51%.
Esse percentual chega a ser quase oito vezes maior do que a inflação oficial de abril, que foi de 0,71% no IPCA. Quando comparado com índice que avalia apenas os custos de alimentação e bebidas, o aumento é um pouco menos expressivo, já que esses produtos subiram 0,97%, e a diferença não chega a seis vezes.
Nos hipermercados, por sua vez, a comparação com o último levantamento relatou pequena retração de 0,6% de 15 de abril a 15 de maio, período em que os preços recuaram de R$ 85,39 para R$ 84,84, ou seja, R$ 0,50 a menos.
O engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá De Benedetto, explica um dos motivos para a diferença entre as lojas. “Geralmente, o estabelecimento de maior porte tem poder de barganha mais alto do que o do comércio de menor porte. Por fazer compras maiores, o hipermercado consegue ter mais descontos do fornecedor na hora de adquirir os produtos”, destaca o engenheiro.
FATORES - Entre os alimentos que tiveram oscilação no preço, o grupo que apresentou maior expansão foi o hortifrúti. O custo do quilo da cebola no hipermercado hoje chega a ser 185,14% mais caro do que um mês atrás no hipermercado, e 122,76% no supermercado. De R$ 1,75, o legume chegou a R$ 4,99 na loja maior.
A alta de R$ 3,24 foi notada pelos consumidores. A dona de casa Sandriana de Almeida Batista, 65 anos, de Mauá, desiste das compras. “Está muito mais caro neste mês. Estou vendo aqui que o jeito é deixar para comprar na feira, se não vou gastar uma fortuna.”
Para De Benedetto, a alta da cebola tem explicação. “Isso acontece porque ela está sendo importado da Argentina, diferentemente das outras épocas do ano, em que ela vem de regiões nacionais como o Interior do São Paulo e a região Sul.” O dólar em alta e os gastos com combustível para distribuição contribuem para incrementar o valor final.
A batata também foi destaque na pesquisa do estabelecimento de maior porte. O quilo, que antes estava R$ 1,79, foi para R$ 3,69. A inflação é de 106,14% no hipermercado e 110% no supermercado, considerando a mesma quantidade do produto por R$ 3,99, mas em abril era R$ 1,90.
A mudança nos preços assusta e revolta pessoas como a aposentada Maria Cecilia Bracco Santiago, 68, que reclama da qualidade do produto. “Não acreditei quando vi o preço. Além de estar um absurdo, os legumes estão todos machucados e feios. É só entrar o inverno que isso acontece.”
DEFLAÇÃO - Apesar de os produtos estarem mais caros, o supermercado tem deflação de alguns itens importantes na alimentação. A alface lidera a lista, com variação negativa de 66,97%. O maço do vegetal estava R$ 2,80, mas agora passou para R$ 1,99. O feijão também teve queda de 31,18%. De R$ 4,49 foi para R$ 3,09. A quilo do frango (coxa com sobrecoxa) foi outro item que caiu 9,1%, mesmo com alta das carnes de vaca e das aves.
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