O governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), vem adiando a indicação dos nomes que vão compor a CPI da Tecnisa, aprovada há duas semanas para investigar motivos pelos quais não houve construção de rua em empreendimento imobiliário no bairro Piraporinha, como contrapartida à autorização da obra. A manobra já causa polêmica às vésperas da instituição oficial do grupo.

Pelo regimento interno da Câmara e a LOM (Lei Orgânica do Município), as maiores bancadas têm direito de apresentação de componentes em CPI. Como o requerimento foi protocolado pelo PT, a legenda de oposição possui seu lugar garantido: Josa Queiroz deve ser presidente da apuração. PV, PR, PRB e PSDB são algumas agremiações governistas que poderiam apresentar vereador para compor a comissão.

A equipe do Diário apurou que os nomes governistas serão definidos somente hoje, às 10h, horas antes da sessão. E que o objetivo é colocar panos quentes em apuração mais incisiva, uma vez que há negociação do Paço com a Tecnisa para abertura da rua.

No mês passado, o Diário mostrou que a construção da via no empreendimento imobiliário foi acertada por lei, aprovada na Câmara e sancionada pelo ex-prefeito Mário Reali (PT) em 2012. A compensação serviria para amenizar o impacto viário no local com a edificação de 1.600 unidades entre as avenidas Fábio Eduardo Ramos Esquível e Ulysses Guimarães. Gestão Reali e governo Lauro não cumpriram a legislação, os prédios foram erguidos e nada da rua ser aberta. Outro ponto contestado foi a ausência de autorização do Comdema (Conselho Municipal do Meio Ambiente de Diadema) sobre o empreendimento.

“Estamos aguardando a presidência organizar as bancadas para que sejam indicados os nomes para ocupar as funções. Já deveria ter ocorrido, mas esse governo tem tratado essa CPI com muita displicência. Tudo essa administração deixa para resolver no último minuto”, reclamou Josa. “Neste caso, as irregularidades estão materializadas, faltando apenas trazer à tona os culpados.”

O presidente da Casa, José Dourado (PSDB), rebateu as acusações do petista. “Minha função é apenas colocar (o que foi decidido) e proporcionar o andamento dos trabalhos. O requerimento (da CPI) é do vereador (Josa), que não correu atrás para viabilizar o início. Não cabe a mim e não vou ficar me oferecendo para intervir. Poderiam ter feito isso antes e não fizeram.”