O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mostrou mais uma vez nesta terça-feira que não está disposto a deixar o cargo que ocupa no Congresso Nacional. Em discurso na tribuna da Casa, ele disse que a força que o move é proporcional à verdade que ele carrega.
Mesmo com os insistentes pedidos da oposição para que ele renuncie à presidência do Senado, o peemedebista falou que não vai renunciar ao seu direito de defesa. “Não esperem que eu abdique do maior direito democrático”, assinalou.
Em mais um ataque contra a revista ‘Veja’ (Editora Abril), Renan voltou a falar que são falsas as denúncias de que utilizou ‘laranjas’ para comprar duas rádios e um jornal em Alagoas. Segundo ele, estas inverdades foram produzidas pelos seus adversários políticos no Estado, principalmente pela presidente do PSOL, Heloisa Helena, e por João Lyra (PTB).
No discurso, o parlamentar também criticou a possibilidade de o PSDB e o DEM obstruírem a pauta de votações enquanto ele permanecer no cargo.
Denúncias – Renan Calheiros já é investigado no Conselho de Ética do Senado pela denúncia de utilizar dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha, fruto de um relacionamento extraconjugal.
Além disso, nesta terça-feira, a Mesa Diretora do Senado decidiu encaminhar ao Conselho de Ética a nova representação do PSOL contra o peemedebista, que pede investigação sobre denúncia de que ele teria utilizado sua influência política para beneficiar a cervejaria Schincariol.
Já a nova denúncia, que será alvo de uma representação conjunta do DEM e do PSDB no Conselho, surgiu na edição do último fim de semana da revista ‘Veja’.
De acordo com a reportagem da publicação, atualmente o peemedebista é dono 'oculto' de meios de comunicação em Alagoas, avaliados em R$ 2,5 milhões. A compra teria ocorrido com a utilização de 'intermediários' para evitar que ele não sofresse com as ações tributárias.
Em 1999, aproveitando a oportunidade de que um empresário alagoano estava interessado em se desfazer de sua empresa de comunicação, Renan procurou João Lyra – empresário e sogro de Pedro Collor, irmão do ex-presidente da República, senador Fernando Collor -, para entrar na negociação como seu sócio.
Lyra pagou metade dos R$ 3 milhões para a compra da empresa e ainda emprestou outros R$ 700 mil para Renan cumprir a sua parte do acordo. Posteriormente, Renan quitou, em parcelas, sua dívida com o empresário.
Apesar desta sociedade bem sucedida no campo dos 'negócios', Renan Calheiros e João Lyra não passam por uma lua-de-mel na 'politicagem'. Nas eleições para o governo de Alagoas, Lyra se candidatou e acabou derrotado por Teotonio Vilela Filho (PSDB), que estranhamente recebeu o apoio do 'governista' Renan, mesmo sendo de um partido que faz dura oposição ao Palácio do Planalto.