Filme sob encomenda, em outras paragens, significa um rosário de concessões do diretor às vontades do produtor ou de uma necessidade de mercado. No caso do documentário Vinicius, não. O cineasta Miguel Faria Jr. (de O Xangô de Baker Street) atendeu a uma encomenda, em nada submetida a produtores ou financiadores. Seu compromisso era com a família de Vinicius de Moraes (1913-1980), o poeta, compositor, dramaturgo e boêmio que Faria retrata na tela.
Existe uma porção pessoal no projeto. “Eu fui casado com a Suzana (de Moraes, filha de Vinicius e co-produtora do documentário) e convivi com ele durante um tempo”, diz Faria. “Por causa do filme, voltei a alguns poemas dele e descobri uma nova perspectiva minha com relação ao que ele escreveu, muito mais profunda e ao mesmo tempo muito mais saborosa”.
Os atores Camila Morgado e Ricardo Blat encenam na tela um projeto de homenagear o Poetinha com um pocket-show. Em meio a esse lampejo ficcional, gente como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Mônica Salmaso e Olivia Hime depõe sobre ou canta algo do retratado. “Eu preferi me nortear pela memória dos amigos dele. O Vinicius permite vários tipos de leitura, porque foge dos códigos acadêmicos e fala das coisas básicas do homem. Todo mundo o compreende, mas cada um do seu jeito. Por isso eu preferi fazer um documentário em vez de um filme de ficção, que era o que a família pensava no começo do projeto”, conclui o diretor. Vinicius, o filme, proporciona uma nova acepção do termo “filosofia de botequim”. Neste caso, é um elogio.
VINICIUS (Brasil, 2005). Dir.: Miguel Faria Jr. Estréia nesta sexta-feira no Unibanco Arteplex 6 e circuito. Duração: 122 minutos. Censura: 14 anos.
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