“É verdade que o Carnaval está às portas da cidade e ninguém nota por essas ruas a mais leve manifestação de alegria. Mas o fato tem sua explicação. Antigamente, com o café a 20 mil réis, toda a gente andava alegre e por isso as festas em honra de Momo começavam dois meses antes. Com o café, atualmente, a um preço que causa lástima, é claro que só nos três grandes dias o paulista se resolverá a adotar a teoria de que tristezas não pagam dívidas.”
Cf. O Estado de S.Paulo, 10-2-1915.
A história do lança-perfume é contada pelo Diário ao longo do tempo, desde a época do semanário News Seller (1958 a 1968). São geralmente matérias envolventes, como esta, de 30 anos atrás, assinada por José Marqueiz (texto) e Alberto Murayama (fotos).
O enfoque está no título: Lança-perfume pode voltar com a Nova República (Diário, 17-2-1985). Não voltou naquela fase de reabertura, com a eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência da República, mas nossos colegas colecionaram depoimentos de andreenses que viveram fases distintas do lança-perfume.
O lança-perfume foi proibido por Jânio Quadros e enterrado por Castelo Branco, o primeiro presidente militar.
Trinta anos depois, o Banco de Dados do Diário recupera fotos e depoentes que Marqueiz e Murayama contataram no 1985 da História.
IMAGEM
A professora e pesquisadora Roseli Dias Ortigoso nos oferece a imagem que abre Memória hoje. Estamos no Valparaíso, Santo André, residência do fotógrafo Frederico Falbo, do estúdio Shirley Temple. Ano: 1934.
Aqui estão três sobrinhos de Falbo: Nena, Dalva e Ernesto. Dalva tornou-se tia de Roseli, pois se casou com o tio da professora, Ernesto Brunoro, o Teto. A foto foi guardada por Neuza, prima da Roseli, filha de Dalva e Teto.
- Agenor Pereira Franco, o Velho Borracha, torcedor do EC Santo André: “Eu usava mais para jogar nas meninas.”
- Armênio Fernandes Callado, publicitário: “O lança-perfume era vendido como refrigerantes nos bares.”
- Henrique Ricci, o Sapeca, dos grandes bailes que promoveria: “Se não houvesse a proibição, hoje não se registraria essa variedade de tóxicos, como maconha e cocaína.”
- Casemiro Domingos, aposentado mas ainda folião: “Depois que o lança-perfume foi proibido, o Carnaval morreu, perdeu todo o seu significado, toda sua alegria.”
- Luiz Antonio Naccheri, engenheiro: “Se voltasse a ser produzido, compraria lança-perfume e, como nos velhos tempos, só para refrescar o corpo ardente das garotas.”
- Sebastião Marques, o Lumumba, cabeleireiro: “O lança-perfume jamais será liberado porque ele deixou de ser um investimento para se transformar em tóxico.”
- Nilson Fernandes, estudante: “Pelo que me dizem, o Carnaval antigo era bem mais animado. A turma curtia mais, era mais alegre. Deve ser por causa do lança-perfume.”
Diário há 30 anos
Quarta-feira, 13 de fevereiro de 1985 – ano 27, nº 5748
Manchete – Já está pronto o plano de emergência de Tancredo
Economia – Campanha dos metalúrgicos alerta Fiesp.
Santo André – Requisitórios de Brandão (Newton, prefeito) exigem dois bilhões de cruzeiros.
Polícia – Ladrões continuam ataques por toda a região.
Em 13 de fevereiro de...
1915 – Fábrica Ipiranguinha, no Distrito de Santo André, trabalha com toda regularidade em suas diversas secções. E eleva o número de seus operários a mais de 400, depois das dificuldades enfrentadas em 1914, quando chegou a interromper as atividades.
- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘A ação da artilharia na Bélgica e na Champagne.’
1930 – Câmara de São Bernardo aprova a revisão das leis que deram nomes às ruas, praças e avenidas dos distritos de Santo André e São Caetano.
1935 – Criada a Escola Profissional Dr. Júlio de Mesquita, atual ETE, no Distrito de Santo André, pelo ato número 132, reorganizada em 13 de setembro do mesmo ano, pelo ato número 152.
1938 – Fundada, oficialmente, a Associação Comercial e Industrial de Santo André, a Acisa.
1960 – Odeon Clube, de São Bernardo, inaugura sua sede social, à Rua Padre Lustosa. Um baile é realizado, com a orquestra de Orlando Ferri e os cantores Isaura Garcia, Francisco Egidio, Peri Ribeiro e Léo Romano.
1990 – Morre, na Vila Metalúrgica, em Santo André, onde morava há 40 anos, Antonio Venceguerra, aos 81 anos. Operário, Venceguerra trabalhou em empresas como a Swift e Nordon e foi militante do Partido Comunista, sem exercer cargos de cúpula. Deixou precioso depoimento gravado, que pode ser consultado no Museu de Santo André.
Município Paulista
Em 1859 a Freguesia de Nossa Senhora das Dores de Brotas, antiga Fazenda Velha, é elevada à categoria de Vila.
Hoje
- Dia do Ministério Público Estadual, criado por lei de 1978.
- Dia Mundial do Rádio, pois foi em 13-2-1946 que a United Nations Rádio emitiu pela primeira vez um programa em simultâneo para um grupo de seis países. A data foi declarada em 2011 pela Unesco e celebrada pela primeira vez em 2012.
Santos do dia
- São Martiniano. Nasceu no século 4, na Cesaréia, Palestina. Era um monge eremita, mas acabou se tornando um andarilho para que o pecado nunca o achasse "em endereço fixo".
- Benigno
- Estevão di Rieti
- Ermelinda
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