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Sábado, 27 de Abril de 2024

Fonseca quer resgatar 'família Azulão'
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
13/02/2011 | 07:30
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Denis Maciel/DGABC


Jeitão mineiro, sotaque carioca e discreto, porém eloquente, o técnico Ademir Fonseca, 48 anos, aos poucos tenta imprimir seu estilo no São Caetano. Natural de Nepomuceno (MG), mas radicado há muitos anos no Rio de Janeiro, tem como meta criar uma ‘nova família' no clube e projeta trilhar a rota de outros treinadores que marcaram passagem pelo Azulão, como Muricy Ramalho (campeão paulista em 2004) e Dorival Júnior (vice em 2007) para chegar ao topo na carreira.

Simples no raciocínio e objetivo na retórica, Ademir não esconde o jeito paizão, já comparado pelo volante Augusto Recife ao estilo de Paulo César Gusmão, que deixou o Vasco recentemente. "Converso bastante com os atletas. Sempre digo que são eles que jogam e alcançam as conquistas. Nós da comissão técnica só damos nossa contribuição", avalia.

Casado duas vezes e pai de quatro filhos, todos homens, Ademir foi jogador mas não conseguiu realizar o sonho de ver, até o momento, nenhum deles trilhar o caminho da bola. Apenas o mais velho, Willander, 23 anos, segue os passos do pai. Formado em Educação Física, o auxilia no São Caetano. "Tenho os dois mais novos, de 2 anos (gêmeos). Já correm atrás da bola. Quem sabe levam jeito para o futebol. Pode estar aí a minha independência financeira", brinca o treinador.

Ademir iniciou a carreira de jogador no Botafogo (RJ). Era volante e encerrou no Ituano. No clube do Interior começou como técnico e já passou, entre outros, pelo Ipatinga e Vila Nova. No ano passado, ajudou a  equipe de Goiânia a escapar do rebaixamento na Série B do Campeonato Brasileiro.

 

DIÁRIO - Você pegou o time na zona de rebaixamento e já conseguiu duas vitórias. Qual o segredo para essa mudança repentina?

ADEMIR FONSECA - Acho que a simplicidade no trato com os atletas. Procuro estabelecer laços de amizade. Mas tem muito trabalho também. Minhas equipes trabalham muito, não pode ter preguiça. Não há tempo para isso, o campeonato (Paulista) é curto e o grupo tem de encarar cada jogo como uma decisão.

 

DIÁRIO - Você encontrou um grupo já montado pelo antecessor. Com alguns reforços que chegaram o elenco ficou inchado. São 32 atletas. Não dificulta trabalhar com tanto jogador?

FONSECA - Não sou de chegar e dispensar ninguém. Sou de resgatar e dar oportunidades. Não vejo problema, porque em seguida teremos o Brasileiro (Série B), que é um campeonato longo e sempre tem jogador suspenso ou lesionado.

 

DIÁRIO - Mas não é complicado ter de avaliar 32 atletas para saber com quem você pode contar, principalmente na situação em que você encontrou a equipe, na zona de rebaixamento? O que fazer num momento como esse, com tanta gente?

FONSECA - Sou de conversar bastante com os jogadores. Costumo dizer que são eles que jogam e que conquistam títulos. Nós da comissão técnica só damos o suporte. O grupo aqui é unido, mas é preciso ter ambição. Lembro do São Caetano do passado, das conquistas. Se conseguirmos resgatar aquela época em que o clube era uma família, com todos unidos dentro e fora de campo, com envolvimento dos familiares, podemos ir longe, o São Caetano voltará ao caminho das conquistas. O clube revelou muitos atletas, até para a Seleção, como o Mineiro, o Gilberto. É uma grande oportunidade que eles estão tendo de dar impulso na carreira.

 

DIÁRIO - E você, o que espera do São Caetano? O clube costuma trocar muito de treinador.

FONSECA - No Oeste (ex-clube) tinha apenas contrato verbal. Não costumo romper compromissos. Vim para o São Caetano porque entendo que esta poderia ser uma chance única na minha carreira, de estar num clube de visibilidade do futebol paulista. As trocas (de técnico) podiam ser sucessivas, mas acho que na hora em que um treinador der certo aqui vai ficar um bom tempo, porque a estrutura de trabalho é boa. Fui um jogador que não fez nome no mercado. Quando você não tem nome, tudo é mais difícil, é preciso capinar muito. Não acredito em sucesso repentino. Trabalhei muito para chegar até aqui e farei de tudo para que o São Caetano faça de mim um treinador de alto nível como outros que trabalharam aqui, como o Muricy Ramalho (campeão paulista em 2004) e o Dorival Júnior (vice em 2007).

 

DIÁRIO - Quem lida com futebol é meio nômade, está sempre de mudança. Como fica a família nesse universo? Você costuma levá-la para as cidades onde está atuando?

FONSECA - Quando comecei como técnico, no meu primeiro casamento, foi complicado. Não dava para levar quando era muito distante (do Rio, onde está a estrutura familiar do técnico), porque tinha dois filhos pequenos em idade escolar. Um deles é o Willander, hoje com 23 anos, que é meu auxiliar-técnico. O outro é o Vinícius (20 anos), que estuda Educação Física, no Rio. Hoje está um pouco mais tranquilo. Tenho dois meninos (gêmeos) de 2 anos. Como ainda não estão na escola deu para trazer a família. Gosto de ter a família perto de mim, porque não dá para ficar num lugar com a cabeça em outro. Não é fácil fazer futebol, comandar 35, 40 pessoas. Entender a cabeça de jogador, dirigente, suportar críticas não é fácil. A família dá uma sustentação muito boa. Ajuda a aliviar a pressão.

 

DIÁRIO - Além da família, qual o outro ponto de equilíbrio que você busca para lidar com as cobranças?

FONSECA - Sou cristão (Igreja Congregaciona). Isso me fortalece muito. Procuro fazer o melhor, mas nada acontece sem a permissão de Deus. Mas não misturo as coisas. Deus não tem nada a ver com o futebol. Não mando dar pontapé em ninguém. Se não trabalhar duro, Deus não vai me ajudar. Não vou a lugar algum sem que Ele me aponte o caminho.




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