Com apoio da oposição, o vereador Paulo Bottura (Pros) derrotou o candidato do prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), à presidência da Câmara, Chico Bento (PP), ontem, com placar de 11 votos a oito e comandará o Legislativo pela terceira vez a partir de janeiro. A reviravolta é creditada como vitória do ex-prefeito e atual secretário paulista de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), líder oposicionista que participou pessoalmente da articulação que derrubou os planos do Palácio da Cerâmica.

A chapa eleita é composta por aliados históricos de Auricchio. Bottura chefiou a Câmara nos quatro anos do primeiro mandato do petebista. A primeira secretária, Magali Selva Pinto (PSD), foi titular da Pasta de Educação. O segundo secretário, Cidão do Sindicato (SD), e o vice-presidente, Beto Vidoski (PSDB), foram eleitos em composição montada pelo ex-prefeito. Severo Neto (PSB) foi eleito terceiro secretário por unanimidade. Ele figurou nas duas chapas, mas renunciou ao posto alegando não concordar fazer parte da oposição.

Bottura descartou, entretanto, usar a chefia da Casa para fortalecer o bloco oposicionista. “Sou situação, vou garantir a governabilidade do Paulo Pinheiro. O Legislativo tinha como regra básica que o prefeito fazia o presidente. Não é que me aliei à oposição, foi uma convergência para valorizar a independência da Câmara.”

O resultado incitou discussão sobre acordo prévio para que as contas de 2012 da administração de Auricchio fossem aprovadas na Casa. “Os 11 votos não são suficientes para aprovarmos as contas, teria que buscar mais apoio. Não tratei nada disso”, externou Bottura.

O governo tentou amarrar a chapa com nomes fiéis ao Paço. Pio Mielo (PT) ocupou a vice-presidência, Roberto do Proerd (PMDB) e Eder Xavier (sem partido) ficaram, respectivamente, na posição de primeiro e segundo secretários. Logo após o revés na Câmara, parte da bancada de sustentação ficou visivelmente abalada e, orientada pelos filhos do prefeito Gica e Paulo, se reuniu às pressas com Pinheiro.

“Não vejo como uma derrota, porque venceu o Bottura, que também me apoia e está na base governista. Na política tudo é possível, mas creio que o bom-senso vai imperar”, comentou o prefeito.

A indicação de Chico Bento não conseguiu ganhar apoio por conta do perfil do parlamentar. Os vereadores temiam que ele fosse subserviente ao Executivo e mantivesse a postura de não dialogar com o colegiado, como vinha fazendo o atual presidente, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria (PSB).

Pio chegou a ser cogitado como candidato pelo poder de articulação e possibilidade de inviabilizar a empreitada de Bottura. “Coloquei a minha candidatura, mas retirei em favor do governo. A eleição do Bottura, que é uma pessoa capacitada e conciliadora, representa fortalecimento do (articulador político, Antônio de) Pádua (Tortorello) e do Auricchio. Mas não acredito que a oposição irá crescer”, argumentou Pio.

Pinheiro, no entanto, não descartou promover alterações na articulação política.

A sessão quase foi adiada por falta de energia. Mas, por pressão da oposição, os trabalhos começaram à luz de velas. A substituição de um disjuntor resolveu o problema rapidamente.