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Previdência Social
Aposentadoria pode começar na infância

Existem, no mercado, planos de previdência privada que partem de R$ 30; valor baixo é estímulo para que pais planejem futuro de seus filhos

Caio Prates
Do Portal Previdência Total
22/11/2014 | 07:07
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O planejamento para a garantia da aposentadoria tranquila está começando cada vez mais cedo. De olho no futuro dos filhos, os pais estão investindo cada vez mais em planos de previdência privada. Entre os principais objetivos estão a garantia da faculdade, de viagem ao Exterior, da compra do primeiro carro, do início de negócio próprio ou, até mesmo, da poupança para garantir velhice mais tranquila. Porém, esse processo também passa por estratégia e gestão financeira que engloba crianças e adolescentes.

Dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) revelam que, até julho, houve aumento de 11% na captação dos planos infantis em comparação ao mesmo período de 2013.

E os números da Fenaprevi não são os únicos que constatam o crescimento da procura por planos exclusivos para os pequenos. Segundo levantamento realizado pela Brasilprev, nos últimos cinco anos, tanto o volume de clientes como o de planos específicos para esse público cresceram 22%, e o valor médio investido evoluiu 31%, saltando de R$ 100 em 2010 para R$ 131 em julho de 2014.

O novo panorama demográfico no Brasil e o valor do benefício da Previdência Social, limitado a R$ 4.390,24, também estimulam instituições financeiras a criar produtos de previdência privada voltados aos públicos infantil e juvenil.

A gerente de inteligência e gestão de clientes da Brasilprev, Soraia Fidalgo, destaca que o maior objetivo de pais, avós e outros responsáveis pela aplicação em previdência privada é financiar projetos educacionais para os pequenos. “Constatamos, a partir de pesquisas, que pagar boa faculdade, cursos técnicos e de idiomas, bem como a realização de intercâmbios, estão na lista de intenções de quem investe em previdência privada para crianças”, diz.

A grande diferença desses produtos para os planos de previdência privada tradicionais é que eles têm um valor inicial de contribuição menor. Há empresas que oferecem valor mínimo de investimento mensal a partir de R$ 30; a maioria, no entanto, pratica opções que partem de R$ 50.

A executiva da Brasilprev destaca que qualquer adulto pode contratar um plano de previdência privada para um menor, independentemente do grau de parentesco. “ É possível aderir em nome do responsável financeiro ou do menor. E, ao completar 18 anos, o jovem poderá receber a reserva, ainda que sem a autorização do responsável”, afirma. Em caso de morte dos pais, os bens passam para os tutores até que os filhos atinjam a maioridade.

Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Fenaprevi, ressalta que no caso da família optar por PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), o pai ainda tem a vantagem de poder deduzir as contribuições feitas ao plano do filho, desde que respeite o limite de 12% da renda bruta tributável. “Com isso, é possível diminuir o Imposto de Renda (devido), aumentar a capacidade de poupança e, consequentemente, a velocidade da acumulação para o plano financeiro de seu dependente.”

Para a gerente comercial da Porto Seguro Previdência, Evely Silveira, esse crescimento contrasta com os resultados obtidos na captação de planos individuais para adultos. “Apesar de maior em volume, os planos para adultos apresentaram expansão de apenas 0,4% nesse mesmo período.”


EDUCAÇÃO - Especialistas são unânimes em dizer que a educação financeira para crianças e adolescentes é fundamental para formar cidadãos mais conscientes, disciplinados, organizados e com maior autonomia e capacidade de planejamento.

Para a educadora Cássia D’Aquino, especializada em educação financeira infantil, esse tipo de ensino não deve ser confundido com a aplicação de técnicas ou macetes sobre como administrar o dinheiro. “É o momento de criar mentalidade adequada e saudável da criança em relação ao dinheiro. As vantagens de se planejar a vida responsavelmente devem ser ensinadas desde cedo”, acredita.

D’Aquino afirma que “não é difícil, por exemplo, reconhecer em adultos mimados, que se comportam como se o mundo lhes devesse os favores de repetidos empréstimos a fundos perdidos, traços egocêntricos da criança que cresceu sem que alguém impusesse limites aos seus desejos”.

A educação financeira no ambiente familiar é essencial, mas as escolas também têm papel fundamental na transmissão de valores relacionados ao cuidado com o dinheiro. Foi pensando nisso que a DSOP Educação Financeira criou projeto com o objetivo de disseminar a cultura de planejamento financeiro nas escolas brasileiras.

Segundo dados da organização, mais de 1.300 escolas públicas e particulares, em 20 Estados brasileiros, adotaram o programa neste ano. Cerca de 150 instituições estão localizadas em São Paulo.

De acordo com o idealizador do projeto e terapeuta financeiro, Reinaldo Domingos, a iniciativa surgiu a partir dos altos índices de endividamento e inadimplência dos brasileiros.

“Cada vez mais cedo é necessário transmitir valores a esses novos consumidores, para que não se tornem jovens endividados e frustrados. As crianças são muito observadoras e começam a perceber o poder que o dinheiro tem desde essa fase”, diz.


COFRINHO - Os especialistas destacam que o princípio da educação financeira é ensinar a lidar com o dinheiro para que sonhos – pequenos ou grandes – sejam realizados. E uma boa ferramenta para iniciar as crianças no mundo financeiro é o cofrinho.

“É preciso mostrar às crianças que o tradicional porquinho não serve somente para colocar moedas, mas também para guardar sonhos. Assim, ela vai entendendo o valor do dinheiro e a relação dele com a realização de seus objetivos. É claro que, após esse contato mais próximo com o dinheiro e com a forma de administrá-lo, fazer poupança para os filhos é ótima maneira para começar a ensiná-los sobre como utilizar os rendimentos a seu favor”, explica Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira.

E quando pensamos em previdência, automaticamente atrelamos o tema aos adultos e idosos. Porém, a educação previdenciária também é importante a partir da infância, para que as crianças entendam desde cedo o papel da Previdência Social no que diz respeito ao exercício da cidadania e garantia de direitos na aposentadoria.


PREVIDÊNCIA - Além da previdência privada, o jovem cidadão não pode descuidar da Previdência Social, que sempre será sua proteção. “E aí me refiro à aposentadoria e à pensão por morte que reverterá para os dependentes. Os pais podem começar a recolher à Previdência Social para seus filhos já a partir dos 16 anos, na qualidade de segurados facultativos, o que ajudará em muito o futuro previdenciário da família”, orienta o professor e autor de diversas obras de Direito Previdenciário Marco Aurélio Serau Junior.

Serau Junior também ressalta que o ensinamento deve ser na medida do grau de compreensão relativo à cada faixa etária do desenvolvimento mental da criança. “E, sobretudo, sempre vinculado às efetivas práticas de seus pais. De nada adianta falar para as crianças do exercício de direitos previdenciários e cidadania se, eventualmente, elas sabem que em casa o empregado doméstico não é registrado e, consequentemente, não tem seus direitos garantidos”, exemplifica o especialista. 




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