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Margens de rodovias têm
queimada a cada dois dias

Anchieta e Imigrantes tiveram 168 ocorrências do tipo
em 2013; fumaça perto da via gera perigo de acidente

Fabio Munhoz
do Diário do Grande ABC
22/06/2014 | 07:00
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Divulgação


A cada dois dias é registrada uma queimada às margens das rodovias do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes). Foram contabilizadas no ano passado 168 ocorrências do tipo nas seis estradas do complexo, contra 178 em 2012. Além das vias que dão nome ao sistema, também entram na contagem a Cônego Domênico Rangoni, a Padre Manoel da Nóbrega e as interligações Planalto e Baixada. A fumaça emitida nas proximidades da faixa de rolamento aumenta o risco de acidentes devido à falta de visibilidade.
Apenas neste ano a concessionária Ecovias já registra 91 ocorrências nas rodovias. Segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado), entre 50% e 60% de todos os casos contabilizados ocorrem durante o inverno, estação que vai de junho a setembro. O tempo seco é apontado como um dos fatores que contribuem para a propagação do fogo com mais facilidade.

Entre as principais causas dos incêndios está o lançamento de bitucas de cigarros pelas janelas dos veículos. O comandante do Corpo de Bombeiros no Grande ABC, tenente-coronel Roberto Alboredo Sobrinho, explica que é difícil a realização de trabalho preventivo por parte da corporação, já que a extensão das rodovias é grande. “Não tem como. A principal maneira de evitar isso é com ações educativas. Além do cigarro, muitas pessoas que moram próximo às estradas fazem fogueiras ou queimam lixo.”

Para tentar reduzir os índices, a Artesp desenvolve a Operação Corta Fogo, executada em parceria com o Corpo de Bombeiros, Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil Estadual. A campanha consiste na entrega de folhetos informativos em praças de pedágio e da disponibilização de tanques e caminhões-pipa em locais estratégicos para facilitar o combate.

O engenheiro Creso Peixoto, especialista em Transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), adverte que a fumaça diminui a visibilidade e aumenta o risco de colisões traseiras. “Para frear perante um obstáculo parado, o motorista roda em torno de 2,5 segundos até perceber e reagir. A 120 quilômetros por hora, limite de velocidade no trecho de planalto da Imigrantes, são necessários 270 metros até parar com segurança.” Ele aconselha que, em caso de fumaça, o condutor pare no acostamento e, se possível, localize retorno para sair da situação.


Fogo também gera risco ambiental

Além da possibilidade de gerar acidentes, as queimadas às margens das rodovias provocam danos ao meio ambiente. Segundo o professor Murilo Andrade Valle, do curso de Engenharia Ambiental da Fundação Santo André, a situação é ainda mais grave no SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) em razão de as estradas estarem cercadas por vegetação nativa da Mata Atlântica e próximas a áreas de preservação de mananciais.

Além da falta de chuvas, Valle salienta que, durante o período de outono e inverno, o ciclo vegetativo facilita a propagação do fogo. “Nesta época, as plantas ainda estão para florescer. São muitos galhos secos, o que acaba agindo como um combustível.”

A ação humana é apontada pelo especialista como grande responsável pelas ocorrências. “Existem algumas vegetações, mas não é o caso das localizadas nesta região, que pegam fogo sozinhas. As daqui não propiciam esse tipo de queimada natural. No nosso caso, o perigo que tem de ser combatido realmente é o cigarro”, alerta.

O especialista defende que os projetos de construção de rodovias devem incluir uma área ociosa ao lado da faixa de rolamento, chamada por ele de zona de amortecimento. “O objetivo é fazer com que qualquer coisa oriunda da estrada, sejam cigarros, caminhão tombado ou óleo derramado, não atinja a mata ou os recursos hídricos localizados no entorno das pistas”, explica Valle.




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