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Mãe e executiva: missão possível?

É segunda-feira cedo. Você se planejou no domingo, já deixou todas as suas coisas ajeitadinhas, roupa separada, tarefas organizadas

Cíntia Bortotto
23/08/2010 | 00:00
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É segunda-feira cedo. Você se planejou no domingo, já deixou todas as suas coisas ajeitadinhas, roupa separada, tarefas organizadas, para não ter nenhum problema no retorno à rotina da sua dupla jornada de profissional de sucesso e mãe/esposa. Você acorda, toma banho, se veste, dá um ‘tapa' no visual e, quando vai pegar o filhote para deixar na escola, ele está com febre e fez xixi na cama. Você dá um jeito em tudo na correria, faz o que é preciso e corre para o escritório. Seu chefe te olha feio, você finge um sorriso e diz que teve um imprevisto (sim, é verdade) para que ele não descubra sua identidade secreta, que usa quando sai do escritório. Aí você vai para sua mesa e pensa aborrecida: por que tem de ser assim? Será que isso só acontece comigo?

O fato é que, cada vez mais, as mulheres vêm conquistando espaço no mercado de trabalho, muitas vezes em cargos de alto escalão e com altas responsabilidades. De acordo com Ministério do Trabalho, o número de mulheres trabalhando formalmente no país pulou de 11,8 milhões em 2002 para 15,3 milhões em 2008. Segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), esse crescimento se realiza de forma contínua e não sazonal, independendo de épocas específicas para esse aumento. Então não se preocupe: você não é a única a lidar com essa situação. O jeito é ter jogo de cintura e mostrar que você é polivalente de verdade.

O aumento do número de mulheres no mercado de trabalho tem origem em contexto histórico recente. Depois da Segunda Guerra Mundial, muitas mulheres tiveram de trabalhar para sustentar seus filhos, já que seus maridos estavam no fronte de batalha ou até mesmo morreram durante os combates. Esse fenômeno inicial fez com que o trabalho e o profissionalismo das mulheres pudessem ser observados em espaço que, anteriormente, era apenas masculino. Na história, as mulheres sempre foram estimuladas a desenvolver essas competências até para cuidar de vários filhos, da casa, do marido.

DUPLA JORNADA
Apesar da emancipação feminina no que diz respeito ao mercado de trabalho, muitas mulheres fazem malabarismos para conseguirem conciliar a vida profissional com os afazeres domésticos. Como profissional e também mãe e esposa, acredito que é preciso ter clareza nas prioridades do dia a dia e colocar limites em certos pontos. Costumo dizer que tempo é questão de prioridade. Além disso, é preciso estrutura que permita com que, tanto a mulher, quanto o homem, possa dar conta de tudo. A vida saudável é feita de vários pilares compostos pela família, pelo trabalho, pela saúde, pelo lazer e amigos, que tem de estar em equilíbrio. Toda vez que abrimos mão de um desses itens sem ter a consciência do que está sendo feito, há uma conta a ser paga depois.

NÚMEROS
Mesmo com o avanço do número de mulheres no mercado de trabalho, as diferenças entre o sexo masculino e o feminino ainda permanecem. Segundo pesquisa do Ministério do Trabalho, de 2003 a 2010, o ganho real entre o salário médio de admissão foi de 31,41% entre os homens e de 25,45% entre as mulheres.

Em relação aos estudos, as mulheres têm maior representatividade no ensino superior. Em pesquisa divulgada pelo IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as mulheres representam 19,6% dos profissionais com ensino superior completo, contra 14,2% do sexo masculino, diferença de 5,4%. No entanto, quando o assunto é o grupo de funcionários no mercado de trabalho com menos tempo de ensino, a presença masculina é mais forte.

ORGANIZAÇÃO É A SAÍDA
Para que cada setor da vida funcione harmoniosamente é necessário ter a noção do que é possível e o que não é. É preciso escolher quais são as prioridades do momento. Haverá momentos em que será preciso fazer escolhas. Ter clareza da ordem dos pilares ajuda na tomada de decisão.

Outro ponto a ser destacado para o sucesso profissional e pessoal é a organização. É melhor se planejar para fazer coisas realmente importantes no dia, do que tentar resolver tudo de uma vez e ficar frustrado caso não consiga. Nos dias em que tiver muitos assuntos urgentes e importantes, será preciso fazer jornada maior. Mas isso não pode ser constante, ou a profissional corre o risco de se cansar e não conseguir resolver nada direito. É melhor ter paciência e planejamento, assim fica mais fácil conciliar o mundo do trabalho com as tarefas familiares. Siga confiante e boa sorte!

Cíntia Bortotto é Consultora de RH e Gerente de Desenvolvimento Organizacional da Bombril - www.cintiabortotto.com.br




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