Política Titulo São Bernardo
Sindicato acusa Morando e FUABC de politização

SindSaúde diz que técnicos são demitidos para abrir espaço a cabos eleitorais; MPT é acionado no caso

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
12/06/2021 | 00:01
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DGABC


O SindSaúde ABC acusou a Prefeitura de São Bernardo e a FUABC (Fundação do ABC) de promoverem demissões em massa de servidores técnicos para alocar cabos eleitorais do governo do prefeito Orlando Morando (PSDB).

Em comunicado, a entidade avisou que vai acionar o Ministério Público do Trabalho para acompanhar o processo de desligamento de profissionais. A direção da instituição revelou que ao menos 500 demissões devem ser promovidas, ao passo que figuras políticas com relação com a gestão tucana têm sido contratadas.

“É inadmissível que profissionais que estão enfrentando a pandemia há mais de um ano sejam substituídos por indicações políticas. O sindicato exige que as contratações sejam exclusivamente técnicas”, diz o manifesto do SindSaúde.

O presidente da entidade, Almir Rogério Mizito, ao Diário, reclamou da postura da Fundação, que, segundo ele, só conversa com o sindicato via Justiça. “Não tem jeito. A gente liga, não consegue conversar; manda ofício, não dão retorno e, se dão, alegam que está tudo bem. Mas a gente vê que, na prática, não é nada disso”, disparou. “Não dá para eles utilizarem o dinheiro público para promover cabide de emprego, ainda mais em uma instituição tão importante como a Fundação do ABC, que tem a incumbência de cuidar da saúde dos munícipes da região.”

Um dos nomes de cabos eleitorais contratados no vínculo de São Bernardo com a FUABC foi Robson Tadeu Costa, o Robsinho, que saiu candidato a vereador pelo PSD no ano passado e recebeu 356 votos – a sigla esteve na coalizão de Morando ao Paço. Ele está no cargo de assistente administrativo no CER (Centro Especializado em Reabilitação).

A acusação do SindSaúde ABC surge no momento em que São Bernardo desenha nova relação de atuação com a FUABC – a ideia é construir uma mantida própria, o Complexo Hospitalar de São Bernardo, em vez de ter alguns vínculos com a central de convênios. A entidade argumentou que os profissionais estão à margem da discussão, o que traz insegurança sobre o futuro deles na Fundação.

A FUABC assegurou que não procedem as acusações feitas pelo SindSaúde. “As unidades gerenciadas por São Bernardo estão passando por reestruturação de processos, fluxos de trabalho e readequação dos quadros de pessoal, com dispensas pontuais para funções em duplicidade ou que puderam ser suprimidas em razão de novo modelo de gestão adotado. As mudanças buscam alcançar maior eficiência administrativa e economicidade, possibilitando ampliar investimentos na área da Saúde e melhorar o atendimento à população.”

Já o governo Morando informou que, “diante da crise econômica e da readequação do orçamento programado para o exercício de 2021, houve a necessidade de reorganização dos serviços, com estruturação de processos e fluxos de trabalho e redução do quadro de pessoal”. “Não houve, e não há previsão, de reposição imediata. As medidas tomadas preservam a qualidade do serviço e da assistência a todos os pacientes da rede municipal de Saúde, em especial aos acometidos pela Covid-19.”

MP arquivou inquérito do fura-fila

A FUABC (Fundação do ABC) afirmou que o Ministério Público arquivou inquérito instaurado para investigar a denúncia de fura-fila da vacinação contra a Covid-19 por parte de servidores administrativos e ligados à presidência da instituição, Adriana Berringer Stephan. A informação, porém, não foi confirmada nem desmentida pelo MP.

Segundo a FUABC, o arquivamento foi publicado no Diário Oficial de quarta-feira. No documento, entretanto, a Promotoria de Santo André não é explícita em dizer que o processo se refere ao caso do fura-fila – cita que a apuração era sobre “dispensação de medicamentos, insumos terapêuticos e aparelhos, vigilância sanitária e epidemiológica e violação dos princípios e diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde)”.

A Fundação classificou como falsa a denúncia de que oito funcionários administrativos – ligados ao RH, setor jurídico e financeiro – foram irregularmente imunizados ao serem colocados como profissionais de unidades hospitalares. Segundo a FUABC, esses funcionários podem ser enquadrados como profissionais da área da saúde e que apenas houve erro de redação das funções que eles exercem na lista enviada à FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que centralizou o processo de aplicação das doses em colaboradores da entidade.

Ainda conforme a FUABC, assim que constatado o erro, o departamento jurídico comunicou o MP.

Estão em curso apurações na FMABC, nas prefeituras de Santo André e São Caetano e na Polícia Civil.

O MP não retornou aos contatos da equipe do Diário.  




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