O encarregado de manutenção de ônibus, Maurício Rafael Bernardo, 45 anos, foi assassinado por ter se recusado a correr, como ordenou o assaltante. A afirmação é do ajudante Elton Gonçalves, 22 anos, sobrinho da vítima, que desmente a versão dada pela polícia de que Bernardo havia sido assassinado após a sua mulher, A.P.S., 23 anos, ter se negado a entregar a chave do Astra ao assaltante. O Diário errou ao divulgar apenas a versão fornecida pela polícia. O encarregado de manutenção foi morto na manhã de sexta-feira, quando saía de uma padaria na rua Javri, na Vila Jamaica, em Santo André.
"Os dois chegaram na padaria e meu tio foi comprar pão. A.P.S. ficou esperando dentro do Astra. Quando ele ia entrar no carro, o bandido chegou e falou para entregar a chave. Meu tio disse que estava dentro do carro e A.P.S. a entregou ao ladrão. O assaltante então pediu para meu tio sair correndo. Como ele queria ficar perto da mulher, disse: 'Correr eu não corro'. Então, os tiros foram dados", afirmou. Após atirar, o assaltante mandou A.P.S. sair do carro e fugiu com o Astra.
O crime ocorreu às 7h. Além do homem que atirou, havia outros dois assaltantes dando cobertura para a ação, dentro de um Gol estacionado perto do Astra da vítima. Na tarde de sexta, a polícia prendeu dois deles: Marcelo Silva de Oliveira, 26 anos, e Douglas Franzo, 25. Oliveira já tem passagem na polícia por receptação e Franzo cumpria pena por assalto até fugir da extinta cadeia pública de Santo André.
Os três fazem parte de uma quadrilha de receptação, segundo a polícia. O delegado do 3º DP de Santo André, Alberto José Mesquita Alves, afirmou na sexta-feira que o assalto do Astra era para pegarem o equipamento de som e as rodas do veículo.
Quando a polícia encontrou Oliveira, o equipamento de som do Astra, que vale cerca de R$ 1 mil, estava sendo instalado no Gol vermelho utilizado para dar cobertura no assalto. Na casa onde Oliveira morava foram encontrados outros aparelhos de som de carro e um revólver calibre 38. O jogo de rodas do Astra não foi localizado.
O outro ladrão preso, Franzo, é apontado pelo comparsa como o homem que abandonou o Astra no bairro Cata Preta, em Santo André. O terceiro homem que participou da ação e que continua foragido é apontado como o autor do disparo que atingiu o peito da vítima. A arma usada foi uma pistola calibre 380. Antes do tiro fatal, dois disparos foram efetuados: um para cima e outro para o chão.
Após os tiros, uma viatura de resgate do Corpo de Bombeiros foi chamada por testemunhas para socorrer a vítima. Durante o percurso ao Pronto-Socorro do CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André, a equipe de resgate transferiu Bernardo para uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), na tentativa de reanimá-lo. No entanto, antes das 8h, a vítima já havia morrido.
Bernardo foi enterrado sábado de manhã, no cemitério São Pedro, na Vila Alpina, na zona Leste de São Paulo. Após o enterro, a mulher de Bernardo teve de ser levada a um hospital para ser medicada.
Bernardo era funcionário da Viação Nova Santo André havia oito anos, tinha dois filhos e estava casado pela segunda vez. Nascido em Pernambuco, morava com a família na Vila Marlene, em São Bernardo. A maioria dos seus familiares vive no Recife (PE).
Violência - Moradores da Vila Jamaica dizem que os assaltos no bairro são freqüentes. Por causa do medo e da insegurança, um grupo de moradores pretende se mobilizar na próxima terça-feira em protesto na Câmara Municipal contra a violência. A intenção é sensibilizar os vereadores para que formem uma comissão para acompanhá-los até a sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública, no Centro de São Paulo, na tentativa de cobrar reforço no policiamento da área.
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