Sétimo maior artilheiro da história do Palmeiras, com 126 gols em 246 jogos, o ex-atacante Evair esteve em Mauá para divulgar sua biografia e participar de sessão de autógrafos com fãs em shopping da cidade.

Escrito pelo ex-jogador em parceria com Renato de Sá, o livro Evair - o Matador demorou cerca de nove anos para ficar pronto, e conta histórias vividas pelo ex-centroavante na carreira. A obra também possui recurso de QR Code, que ao ser escaneado por aplicativo no celular permite aos leitores assistirem vídeos de gols e outros lances da carreira do matador.

Em entrevista ao Diário, o eterno camisa 9 do Verdão conversou sobre Seleção, Palmeiras e de promessas na posição na qual se destacou por 18 anos.

Você acha que o papel do camisa 9 clássico está com os dias contados?
Essa posição nunca acaba. Precisamos achá-los, mas não acabaram. Mesmo que hoje em dia se jogue mais com dois jogadores abertos, pelos lados, correndo atrás dos laterais e, às vezes, o centroavante fique sem receber a bola, preso lá na frente, mesmo assim, o camisa 9 nunca vai sair de moda. Prova disso é que o Barcelona tem um camisa 9 (Luis Suárez), o Real Madrid tem um camisa 9 (Karim Benzema), os principais times alemães têm um camisa 9. O Brasil é que está devendo isso e não revela como antigamente. Essa é uma busca que precisamos aprender.

Por que a Seleção Brasileira possui essa carência no setor?
Um dos motivos é o fato de que os jogadores vão embora (jogar no Exterior) muito cedo. Um dos exemplos é o Hulk, que foi aparecer lá fora porque um empresário veio antes e o buscou. É necessário ir nas categorias de base e não deixar os jogadores irem embora tão cedo.

O Gabriel Jesus pode se tornar a referência que a Seleção precisa?
Acho que sim. Ele já demonstrou no Palmeiras. Quando jogou pelas beiradas não rendeu, quando passou a jogar no meio começou a fazer gols, a demonstrar força. Ele tem velocidade e resolveu os problemas do Palmeiras, então acho que é um cara que pode vir a substituir no coração do brasileiro o Ronaldo, o Romário, aqueles jogadores que realmente fizeram a diferença.
Você acha que a torcida palmeirense ficou muito exigente com seus atacantes?
Eles ficaram meio mal acostumados, tiveram o Evair de 1991 até o fim de 1994, o Luizão, outros grandes centroavantes que continuaram a história e ganharam títulos, então neste sentido o palmeirense é meio mal acostumado com isso. Mas faz parte do dia a dia, acredito que o Borja (atacante colombiano) tenha condição de se tornar um desses.

O time atual do Palmeiras pode igualar os feitos da equipe dos anos 1990?
Pode sim. Nos últimos jogos, eles (jogadores) demonstraram que falta alguma coisinha. Então é preciso ter a noção do que realmente se tem nesse grupo. Tudo diz que sim (que podem igualar). Mas em algumas partidas parece que não. O tempo vai dizer tudo isso.

O Gabriel (Gabigol, ex-jogador do Santos) tem passado por mau momento no futebol italiano. Para o jogador, a adaptação é difícil?
O futebol italiano é muito diferente, não é nada parecido com o nosso. Saí do Guarani e era apenas um finalizador. Quando cheguei na Atalanta, era um time pequeno, que brigava para não cair e tive que me adaptar a isso. Tive de aprender a me defender, a proteger a bola, jogar para o time. Ser mais humilde de tentar fazer uma parede para quem vem de trás. Isso, sim, faz uma diferença. Se ele não se adaptar a isso, vai ter dificuldades. Quando foi revelado no Santos, o Gabriel demonstrou que tinha bola para isso, senão não seria vendido desta maneira. Lógico que foram vendidos muitos brasileiros que não deram certo, mas acredito que ele tenha futebol para isso.