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São Caetano reúne suas imagens animadas
Por Ademir Medici
Diário do Grande ABC
05/06/2016 | 07:00
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Era uma outra São Caetano, mesmo que em preto e branco. Uma cidade ainda horizontal, de casas com jardins, muros baixos e sem grades contra assaltos; ruas calçadas com paralelepípedos; homens e mulheres bem trajados participando de solenidades cívicas e sociais.

O vídeo A História do Cine Central, idealizado por esse grupo de universitários da USCS que está na foto, consegue reunir em menos de 10 minutos de duração amostras de uma infinidade de imagens animadas sobre a cidade de São Caetano. São pedacinhos de filmes do século 20, em preto e branco, e películas coloridas já deste século. Um roteiro que acompanha e documenta a transformação da cidade e do seu primeiro bairro, o Fundação, que reuniu os primeiros imigrantes italianos a partir de 1877.

Este curta-metragem envolvente também é crítico. “A arquitetura renascentista impressiona, porém, atualmente, o primeiro bairro de São Caetano é colocado em último lugar”, denuncia a narradora, alicerçada nas imagens de ruas esburacadas, casas envelhecidas que necessitam de restauração e verdadeiros cemitérios industriais com ruínas daquele que foi um centro fabril de primeira grandeza, indústrias Matarazzo à frente.

Ou seja: sem fugir do tema central – o cinema – os alunos focalizam todo cenário no entorno, do bairro, da cidade e do universo que viveu a sétima arte representada pelo cinema das grandes salas. A ilustrar, artistas do porte de Buck Rogers e Carmen Miranda. E trilhas com músicas envolventes.

Confiram no https://youtu.be/FAFeikWGZXQ; e no texto condensado da equipe de alunos, na sequência...

Acreditem: este cinema abrigava 1.300 pessoas

Fundação, o mais antigo bairro de São Caetano, abrigou também o primeiro cinema da cidade, o Central, inaugurado por Atílio Santarelli na Rua Perrella.

Devido ao sucesso da indústria cinematográfica, novas salas foram criadas, tais quais: Copacabana, Parque, Alvorada, Real, Primax (depois Colonial), Max, Urca, Átila, Planalto, Lido e o Vitória, na época o mais moderno, com capacidade para até 1.300 pessoas.

Ao longo do tempo, devido à especulação imobiliária e o crescimento tecnológico, além da abertura de novos centros sociais, os cine-clubes ficaram demodê e a cidade foi perdendo suas salas de cinema, dando lugar a prédios e comércio.

As salas antigas foram inutilizadas e/ou utilizadas para outras atividades. Já as novas salas de cinema, ao invés de acomodar até 1.300 pessoas, se transformam em um centro econômico com capacidade para cerca de 300 lugares em média.

Hoje, prezamos por qualidade, superprodução. Afinal, estamos no auge de nossa tecnologia.

Resta a esperança de que as memórias permaneçam ligadas à nossa sociedade, pois não devemos deixar para trás toda a história do bairro Fundação, suas origens e peculiaridades.

ENTREVISTADOS - Francisco Bastos, supervisor do Palacete De Nardi, onde funciona o Museu de São Caetano; Atílio Santarelli, neto do fundador do Cine Central, um idealista, a quem a cidade deve reconhecimento por tudo o que ele faz na recuperação e preservação da memória cinematográfica local e do Grande ABC; Bruna Moura, autora do livro Cenas do Passado; Quitéria da Silva, aposentada, cuja vontade era assistir ao filme Macunaíma, baseado na obra de Mário de Andrade e estrelado por Grande Otelo.




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