Economia Titulo Mercado
Indústria da música ganhará impulso
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/09/2010 | 07:10
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As vendas de instrumentos musicais e equipamentos e acessórios para essa área devem ganhar impulso neste ano. Entre os fatores que devem colaborar para dar mais sonoridade aos resultados do setor estão a reação da economia brasileira e a nova legislação federal que instituiu novamente o ensino musical na Educação básica em todo o País. A música já fez parte dos currículos escolares mas foi retirada na década de 1970.

Publicada em setembro do ano passado no Diário Oficial da União, a lei 11.769 estabelece prazo de três anos para as escolas se adaptarem, mas há a perspectiva de que a norma já comece a surtir efeito neste ano para as fabricantes, segundo a Abemúsica (Associação Brasileira da Música).

A associação estima que o setor crescerá 11% em 2010, passando de R$ 555 milhões de faturamento anual para R$ 610 milhões.

A melhora deverá ter relação principalmente com a recuperação econômica do País, depois da crise financeira global, que retraiu a demanda no ano passado. No entanto, a lei do ensino musical anima a indústria do segmento não só pelos investimentos que as escolas devem fazer, mas também por estimular o interesse dos alunos.

A presidente da AESP (Associação das Escolas Particulares do Grande ABC), Oswana Fameli, concorda que a lei deve movimentar o mercado, embora não haja a obrigatoriedade de que as aulas sejam ministradas por profissionais com formação específica. "E dependendo do projeto pedagógico, a compra de instrumento musical pode não ser prioridade num primeiro momento", afirma.

INDÚSTRIAS
A região tem indústrias do ramo, entre elas a fabricante de gaitas Bends Harmônicas, de Ribeirão Pires. Para o diretor comercial Melk Rocha, a legislação é um incentivo. Ele cita que é comum escolas iniciarem o ensino musical com aulas de flauta e, a partir do contato com a música, há crianças que desejam aprender outros instrumentos.

A Bends, que fabrica 4.000 peças por mês, está há apenas seis anos no mercado e vem em ritmo forte. Em 2009, mesmo com a crise global, cresceu 45% em vendas frente a 2008, e projeta repetir o percentual de expansão neste ano.

Rocha assinala que, além do impacto da legislação, tem como receitas para a empresa se manter com resultados em alta diferenciais como a oferta de aulas gratuitas pela internet (pelo site www.bends.com.br) - conta com 19 alunos cadastrados -, workshops, shows e produtos de qualidade, em aço inox.

Por sua vez, Ariovaldo Marciano, diretor da fabricante de pedais de efeitos e caixas acústicas para guitarras e baixos WM Audio, de São Bernardo, espera crescimento de 30% nas vendas de sua empresa neste ano, principalmente por causa da reação do mercado. "O ano passado foi muito difícil, por causa das incertezas da economia. Muitas empresas cortaram shows".

Entretanto, ele acredita que a nova norma também trará resultados. "As escolas vão investir mais e a demanda vai melhorar com certeza", afirmou.


Flauta doce lidera crescimento nas lojas
Após a aprovação da lei de ensino musical, lojas de instrumentos musicais da região observam melhora no ritmo de vendas, embora ainda timidamente.

O empresário Alexandre Marum, proprietário de rede de varejo com três unidades no Grande ABC (duas em Santo André e uma em Mauá), assinala que, por enquanto, houve aumento principalmente na procura por flauta doce. "Esse instrumento deu uma boa alavancada", diz. Se até o ano passado, seus estabelecimentos vendiam de 30 a 40 unidades por mês, esse volume saltou para 100 mensalmente neste ano.

Marum projeta para este ano expansão de 10% a 15% no faturamento da rede, mas o impacto da nova lei deverá ser pequeno, já que esses itens tem custo baixo - em torno de R$ 20 - se comparado a outros instrumentos. "O violão mais barato sai por R$ 190 a R$ 200", cita. Ele se queixa apenas que a lei não exige a contratação de profissional especializado, "que poderia passar conhecimento musical de forma mais adequada" - essa obrigatoriedade foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.




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