Música para entreter, refletir e balançar os quadris é o que oferece a banda paulistana Nhocuné Soul, que retorna ao Grande ABC amanhã, às 20h, em show no Sesi Santo André. A apresentação tem entrada franca e os ingressos podem ser retirados uma hora antes do evento.

Além de canções do recomendável CD Amando e Sambando, entre elas "Numa Tarde" e "Caminhando", o grupo pretende mostrar sua mais recente subversão musical, ainda inédita em disco. Trata-se de "Só Quero um Sinal", versão do estandarte roqueiro You Really Got Me, gravado pelos legendários ingleses do The Kinks, na década de 1960.

"Essa música foi feita pelo meu irmão, Ronaldo (o baixista Ronaldo Gama), como se fosse o Jorge Ben Jor tocando The Kinks. Fala de um cara que quer começar a namorar a menina e espera um sinal dela. Já mostramos em alguns shows e ficou muito legal", explica o vocalista e compositor Renato Gama.

COERÊNCIA - A inusitada releitura é coerente com a trajetória do Nhocuné Soul, formado na década de 1990, na Vila Nhocuné, bairro periférico da Capital. Desde o início da trajetória profissional, o combo musical dedica o mesmo apreço à cadência elegante dos sambistas, aos riffs do rock e à pulsação rítmica do reggae.

"O público lida bem melhor com essa mistura que a mídia, que ainda não sabe como classificá-la. Então, a galera do rap vai aos nossos shows e quem gosta de samba e rock também vai", afirma Gama.

Em relação às letras, o Nhocuné Soul mantém a preocupação de expor desigualdades e radiografar o cotidiano de comunidades carentes. Mas sem descambar para o discurso panfletário e esquecer do romantismo, como fica evidente em composições como Sei Lá. Presente no álbum Amando e Sambando. a faixa aborda o fim de um relacionamento de maneira tão melancólica quanto direta.

DISCO E PEÇA - O Nhocuné Soul prepara com calma o repertório do próximo CD, que deve chegar às lojas somente em 2010. Conforme o cantor Gama, o processo de seleção das canções do disco será interativo.

"Queremos que as pessoas escolham as músicas, após os shows que faremos em nosso espaço cultural. Como acontece em peças de teatro,depois das apresentações faremos uma roda para debate", explica.

Enquanto não começam as gravações, o núcleo artístico do grupo (Rua Frederico Brotero, 60), em São Paulo, será utilizado para as sessões da peça A Saga do Menino Diamante - Uma Ópera Periférica, que estreia no dia 15, às 20h. Produzido pelo Nhocuné, em parceria com o coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, o espetáculo tem entrada gratuita. Prega a valorização do coletivo e a destruição dos heróis.

Nhocuné Soul - Show. Amanhã, às 20h. No Sesi Santo André - Praça Doutor Armando de Arruda Pereira, 100. Tel.: 4997-3177.