O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) deixou claro ontem, durante reunião com os quatro presidentes da América do Sul, no Fórum Social Mundial, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - excluído do encontro por sugestão do próprio movimento - faz parte de um governo sem qualquer interesse em romper com o neoliberalismo.

 Segundo Ulisses Manaças, um dos coordenadores nacionais do MST, presidentes como Hugo Chaves (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia) estão na linha de frente contra as políticas que desencadearam a crise econômica mundial. "Eles têm se manifestado claramente contra isso, ao contrário do Lula", disse Manacás.

 O líder do MST antecipou que a política de invasões de terra vai continuar até que a reforma agrária seja efetivamente feita no país. Sobrou também queixa contra o agronegócio, apontado como um dos destruidores da floresta amazônica.

 A Via Campesina, que também organizou o encontro com os presidentes Fernando Lugo (Paraguai), e Rafael Corrêa (Equador), além de Chaves e Morales, endossou as críticas do MST, acrescentando que a agricultura familiar, diante da crise mundial, "é a alternativa para saciar a fome dos pobres das cidades e do campo".

SOCIAL - Lula afirmou ontem hoje que o governo não deve ceder a pressões de corte de gastos nas áreas social e de infraestrutura para enfrentar a crise financeira. "A gente não precisa de lição dos países ricos, o importante é proteger os desprotegidos e garantir a renda e o emprego do trabalhador e a produção."

 O presidente também fez uma retrospectiva da sua participação no fórum desde o primeiro encontro em Porto Alegre, em 2001. No final da tarde de ontem, Lula se reuniu a portas fechadas com os quatro presidentes sul-americanos, num hotel do Centro de Belém.