A Vale anunciou ontem que obteve, em 2008, um lucro líquido de R$ 21,279 bilhões. O resultado foi fortemente impactado pela desvalorização cambial em seus investimentos no Exterior e pela queda brusca da avaliação da Inco, empresa adquirida pela companhia em 2006.

Pelas notas no balanço da empresa, isso representou, no resultado, uma perda contábil de R$ 8,429 bilhões. Ou seja, sem estes ajustes no balanço, o lucro teria sido de R$ 29,708 bilhões.

No último trimestre do ano, a mineradora registrou lucro de R$ 10,449 bilhões, o dobro da média das estimativas de analistas de mercado. Somados, apenas os lucros de terceiro e quarto trimestres de 2008 (R$ 22,882 bilhões) já superam o resultado do ano.

Mesmo com a crise mundial, o lucro de R$ 10,449 nos três últimos meses de 2008 foi o maior registrado pela companhia em um quarto trimestre desde 2005, ano em que a mineradora começou a divulgar os dados consolidados por trimestre.

O bom resultado no final do ano passado foi possível graças ao patamar mais elevado dos preços do minério de ferro, que subiram mais de 65% no ano passado, e à escalada do dólar, que apresentou uma alta de 22,8% nos últimos três meses do ano.

No caso do níquel, o quadro não foi tão favorável. Entre setembro e dezembro, os preços do metal caíram pela metade, chegando a cerca de US$ 10 mil por tonelada. No mesmo trimestre de 2007, os preços ficaram acima de US$ 25 mil por tonelada.

O metal representou 14,5% da receita da mineradora no ano passado. Em 2007, quando o metal estava valorizado, ele representava 29,7% da receita.

No documento de divulgação do balanço, a direção da Vale afirma que, apesar da crise, as perspectivas de longo prazo para o mercado de minérios e metais permanecem promissoras. "Apesar da intensidade da recessão, trata-se de um fenômeno cíclico", diz o texto, que enumera alguns sinais de recuperação da demanda, como o aumento, ainda que pequeno, de encomendas industriais nos Estados Unidos, Índia e China e o esgotamento dos estoques chineses de aço.