Setecidades Titulo Barbárie
Reconstituição de assassinato em Ribeirão é marcada por revolta

Irmã do acusado quase foi agredida na saída pelas cerca de cem pessoas que foram até a Rua Cândido Mota

Por Luciano Cavenagui
Fernanda Russo Filomeno
13/09/2008 | 07:02
Compartilhar notícia


Um homem frio, tranqüilo e que não mostrou arrependimento. Assim foi definido o perfil do vigilante João Alexandre Rodrigues, 39 anos, durante as mais de cinco horas de reconstituição da morte de seus dois filhos feita ontem.

Policiais disseram que os únicos momentos em que o vigilante demonstrou sensibilidade foram quando detalhou o esquartejamento dos garotos. "Algumas lágrimas escorreram em seu rosto, mas foi só isso. Depois voltou ao semblante frio e calmo", afirmou o delegado responsável pela Delegacia de Homicídios de Santo André, Adilson de Lima.

A reconstituição contou com sete peritos do IC (Instituto de Criminalística). Dois bonecos foram usados para representar os garotos, além de foice e faca similares utilizadas no esquartejamento.

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão Pires, Patrick Pavan, informou que analisará todo o processo sobre o acompanhamento dos garotos, que chegaram a morar em um abrigo por causa das agressões dos pais. Se houver erros, o órgão acionará as corregedorias dos setores envolvidos.

CLIMA
A irmã do acusado, Laura Ribeiro Oliveira, acompanhou a encenação. Ela quase foi agredida na saída pelas cerca de cem pessoas que foram até a Rua Cândido Mota, na Vila Aurora. Laura teve de ser escoltada pela polícia.

O clima era de agitação e revolta. A dona-de-casa Ivonete Batista gritava: "Eles deveriam jogar esse sujeito aqui no meio do povo, para a gente fazer igual ele fez com os filhos".

Os berros mais freqüentes foram os de "justiça", "assassino", "cadeia" e "crueldade". A dona-de-casa Lezir Boa Ventura parecia ser a mais inconformada. Era ela quem puxava os berros de protestos das pessoas.

A madrasta também foi lembrada, apesar de se recusar a fazer a reconstituição. "Ela está com medo, por isso não teve coragem de aparecer. Na hora de matar ela teve coragem, agora para enfrentar o povo, quero ver", disse a dona-de-casa Luzia Paula da Paz.

Família temia pela segurança da madrasta

Madrasta das vítimas, Eliane Aparecida Nunes Rodrigues, 35, foi representada na reconstituição do crime pelo advogado Luís Carlos Magalhães. Ele afirmou que foi apenas um ato isolado a pedido da família de Eliane, mas que não dará andamento na defesa.

"Ela tinha direito de não ir e produzir provas contra si mesma. Além do mais, a família temia pela sua segurança. Foi a atitude mais correta", disse Magalhães.

Pela falta de condições financeiras, o advogado acredita que a família de Eliane terá de buscar profissionais oferecidos gratuitamente pela Defensoria Pública para atuar no caso.

Magalhães disse que a madrasta mantém a versão de que não participou do homicídio, apenas do esquartejamento e ocultação dos cadáveres, pois teria sido coagida pelo marido.

Eliane Aparecida continua detida na Delegacia de Ribeirão Pires.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;