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A volta dos que não foram

Eles já se chamaram Articulação; depois, foram o Campo Majoritário, sempre comandados por José Dirceu

Por Carlos Brickmann
22/11/2009 | 00:00
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Eles já se chamaram Articulação; depois, foram o Campo Majoritário, sempre comandados por José Dirceu. Estiveram no centro do Mensalão. E estão de volta, com o nome de Construindo um Novo Brasil. São, como sempre, a tendência que tem maioria no PT de Lula. E, como sempre, sob o comando de José Dirceu.

O PT elege hoje seu novo comando. São seis candidatos, com o favoritismo destacado de José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras (e forte influência, portanto); é seguido pelo paulista José Eduardo Cardozo, que obedece à liderança do ministro Tarso Genro, cacique da tendência Mensagem ao Partido. Todas as tendências seguem Lula na preferência pela candidata Dilma Rousseff.

O mais importante, porém,não é o nome do presidente do PT nem a volta triunfal de Genoino, de José Nobre Guimarães (aquele cujo assessor transportava dólares na cueca), da família de Delúbio Soares - que, expulso do partido, não retorna ainda, mas cuja esposa está na chapa favorita. O importante é que, sob o comando da tendência Construindo um Novo Brasil, o PT sinaliza que está aberto a todas as alianças possíveis e a fazer o que for preciso para vencer eleições. Na campanha, vale o pragmatismo. Se ganhar, seja o que Dilma quiser.

Há algumas tarefas complexas no caminho da nova cúpula partidária. No Rio Grande do Sul, PT e PMDB serão adversários - mas é um problema menor, porque o PMDB gaúcho quer Serra, e não Dilma. Já Minas e Bahia têm candidatos pró-Dilma, inimigos, do PT e PMDB. É um trabalho para o super-Dirceu.

GANHANDO TEMPO
Não leve a sério a candidatura à Presidência do governador paranaense Roberto Requião, do PMDB. O senador gaúcho Pedro Simon o lançou porque Requião vive dizendo que o PMDB deve analisar uma candidatura própria; mas isso significa apenas que ele ainda não decidiu de que lado vai ficar. Sair sozinho, sem aliados, sem máquina, sem chance, é coisa que Requião jamais fará.

OS HOMOSSEXUAIS E O SEGURO-SAÚDE
Em São Paulo, o Ministério Público Federal entrou com ação civil pública, com pedido de liminar, para que o plano de saúde Omint, um dos mais conceituados e caros do País, inclua companheiros homossexuais como dependentes do titular. A Omint diz que não "por falta de previsão legal". O MPF acha com razão que há, no caso, discriminação sexual, vedada pela lei brasileira e por tratados internacionais.

BALÉ TUCANO
Só há uma divergência real entre José Serra e Aécio Neves: ambos querem ser candidatos à Presidência e o partido só pode lançar um candidato. Como já disse esta coluna, nenhum dos dois é suicida: liquidar o adversário interno à custa de perder as eleições significa ficar pelo menos mais 12 anos longe do poder. Toda a coreografia de ambos, portanto, tem o limite de não ferir gravemente o adversário. Entretanto, quando tucanos, aves de bico longo e voo curto, ensaiam passos de dança perto demais um do outro, o risco é sempre alto. Ao brincar de aliar-se a Ciro Gomes, Aécio talvez tenha ultrapassado o limite. Corre o risco de, como Tasso Jereissati, que já fez o mesmo filme com o mesmo galã, ficar para sempre como coronel, mas sem subir a general.

CADÊ AS VELAS?
Apagão,vá lá: até em Nova York já aconteceu. O problema são as explicações das autoridades: Dilma diz que o assunto está encerrado, surge a versão de que talvez não tenham sido raios, mas apenas chuva, e assim por diante. Se uma chuva é capaz de derrubar a energia de 18 Estados, vamos comprar velas e pilhas! A história da chuva é fantástica: como choveu, o isolamento da linha falhou. E para que serve o isolamento da linha? Para evitar que a chuva a molhe. Aí não dá: um sistema elétrico pode ser abatido por relâmpagos (o que é raro, mas existe), mas não por chuva. Se o sistema resiste a ventanias, tempestades elétricas, essas coisas, a chuva não pode ser culpada. As autoridades, em resumo, não sabem o que ocorreu. Ou, o que é muito pior, sabem, sim.

PALPITANDO COM BASE
Jornalista dificilmente sabe das coisas, e isso não tem importância. Importante é ter o telefone de quem sabe das coisas. Um passarinho disse a este colunista que é possível que tenha ocorrido alguma falha no sistema de proteção e de alívio de carga. E por que ocultar este fato? Porque é importante manter o mistério e, assim, livrar-se de eventuais pedidos de indenização.

CADA VEZ AUMENTA MAIS
O filme sobre Lula está sendo massacrado pelos críticos (mas não dá para confiar em críticos: com frequência eles dizem que o filme é ruim, a gente vai ver e é ruim mesmo), e fará um tremendo sucesso de público. Arma eleitoral? Claro que é - e um grande achado, pois está rigorosamente dentro da lei. Quem falou bobagem foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, desafiando a oposição a fazer um filme com um de seus líderes. Leni Riefenstahl fez um clássico, O Triunfo da Vontade, cujo astro é Hitler. Adenauer, que fez oposição a Hitler, reconstruiria a Alemanha, uniria a Europa, mas não daria um filme.




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