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Psicoterapia pode ajudar no tratamento da infertilidade por estresse
Da AFP
20/06/2006 | 16:38
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A psicoterapia pode ajudar a restaurar a fertilidade de mulheres que pararam de ovular devido ao estresse provocado por uma vida atribulada, segundo as conclusões preliminares de um estudo apresentado durante conferência da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, celebrada em Praga, República Tcheca.

Há muito tempo, especialistas em fertilidade se perguntavam porque mulheres ativas, jovens e saudáveis se tornavam inférteis, uma condição chamada anovulação. As causas às vezes são atribuídas a mudanças hormonais causadas por excesso de exercício ou desnutrição e freqüentemente a mulher recebe um tratamento hormonal, como anticoncepcional oral se a fertilidade imediata não for desejada, ou a indução da ovulação caso seja.

Mas Sara Berga, professora de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Emory de Atlanta (EUA), apresentou um estudo preliminar sugerindo que, entre tais mulheres, a causa da anovulação reside no estresse e pode ser revertido com ajuda psicológica.

A equipe de Berga acompanhou 16 mulheres com peso normal que não menstruavam há mais de seis meses.

Algumas delas se revelaram pessoas perfeccionistas, cujo estilo de vida, tanto em casa quanto no trabalho, gerava um enorme estresse, enquanto outras se sentiam oprimidas por se sentirem exigidas pela vida.

As 16 mulheres estudadas tinham amenorréia hipotalâmica funcional, um tipo de infertilidade causado pela redução prolongada de um hormônio que inicia uma cascada molecular que leva à ovulação.

No entanto, o indício foi a análise do fluido espinhal destas mulheres, que demonstrou altos níveis do hormônio cortisol, um indicador de estresse freqüentemente ligado a depressão, osteoporose e outros problemas de saúde.

As mulheres foram divididas aleatoriamente em dois grupos. A metade fez terapia cognitiva comportamental por 20 semanas - um aconselhamento psicológico desenvolvido para ajudá-las a colocar seus problemas em perspectiva. A outra metade foi simplesmente acompanhada.

"Impressionantes 80% das mulheres que fizeram terapia comportamental começaram a ovular novamente, ao contrário do 25% daquelas que foram acompanhadas", disse Berga.

No grupo que fez terapia, seis recuperaram totalmente a fertilidade e uma demonstrou sinais de recuperação da função ovariana. Duas entre as seis ficaram grávidas no período de dois meses.

No grupo que foi apenas acompanhado, apenas uma mulher recuperou sua fertilidade e outra demonstrou sinais de função ovariana.

"Este estudo realça a importante contribuição que os fatores de estilo de vida desempenham na saúde em geral e na saúde reprodutiva em particular. Para reverter a ovulação induzida por estresse, não é suficiente simplesmente se dirigir às fontes metabólicas de estresse", disse Berga.

A cientista destacou os custos e efeitos colaterais do tratamento hormonal convencional, quando comparado com a terapia comportamental. Nenhuma das 16 mulheres teve ganho de peso ou apresentou mudanças importantes nos níveis de leptina, um hormônio vinculado ao ganho de peso ou à mudança de metabolismo.

O próximo passo será ampliar a pesquisa para um número maior de mulheres.

"Se o estudo em maior escala confirmar nossos resultados anteriores, teremos uma evidência muito forte para apontar a redução de estresse como uma terapia eficaz para um grupo significativo de mulheres férteis", concluiu Berga.



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