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Cincinato está na contabilidade do PCC
Por Artur Rodrigues
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
13/12/2006 | 00:10
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O secretário de Saúde de Mauá, Cincinato Freire (PSDC), consta na contabilidade da máfia investigada por lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) em postos de gasolina.

Um caderno com lançamentos dos postos foi encontrado por policiais da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) em junho, em um Passat turbo registrado no nome de Reinaldo Macário de Lima, o Boy, apontado como o braço-direito de Gildásio Siqueira dos Santos. Gildásio é acusado de ser testa-de-ferro da facção criminosa em vários estabelecimentos de venda de combustíveis.

Uma certidão – que integra o inquérito 974/06 –, assinada por um policial da Dise, explica os lançamentos feitos no caderno: “Verificando o caderno espiral apreendido, o qual se prestou lançamento contábil sem técnica específica, após pesquisá-lo, constatei haver ali inserido anotações que denotam pagamentos para diversas pessoas”.

Em meio a supostos pagamentos a Wilson Roberto Cuba, o Rabugento (detento acusado de liderar o esquema), Sidnei Garcia (vice-presidente da Associação Comercial de Mauá e suposto testa-de-ferro da facção) e Felipe Geremias, o Felipe Alemão ( que é suspeito de ser ‘sintonia’ do PCC), aparece o nome de Cincinato, ao lado do valor de R$ 3.828, datado do dia 4 de janeiro do ano passado.

A movimentação financeira dos pontos comerciais se dá entre 9 de dezembro de 2004 e 24 de janeiro de 2005. Os lucros da facção, por meio de 44 postos, chegariam a R$ 500 mil mensais.

No mesmo carro onde estava o caderno, entre outras coisas, foram encontrados um cartão de apresentação de Cincinato e uma agenda, na qual havia o número de seu telefone celular.

Irritado, o secretário da Saúde negou qualquer transação financeira com Gildásio. “Não tem nada disso. Nunca mexi com este tipo de coisa. Não procede isso.”

Advogado - Diferentemente do secretário, o advogado, Otávio Tenório de Assis, defensor de Cincinato, confirmou já ter feito negócio com Gildásio. No inquérito, consta a apreensão de uma Mercedes-Benz, registrada no nome em advogado. O veículo foi repassado, a pedido de Gildásio, para Karin Valério da Silva, segundo a polícia, amante de Rabugento, como parte de pagamento do Auto Posto Petromix. A compra teria sido intermediada pela Shell, mas Gildásio não repassou o estabelecimento para Otávio Tenório, que acabou ficando sem o carro e sem o posto.

“Eu comprei há um tempo o posto de gasolina e esse carro eles não transferiram o nome. Eu solicitei a transferência e, como não fizeram, bloqueei o veículo. Soube até que estava vindo multa em meu nome”, disse o advogado de Cincinato.

Hoje, o carro avaliado em R$ 95 mil está apreendido no pátio municipal de Santo André.

A Dise, que é responsável pelo inquérito sobre lavagem de dinheiro, não se manifestou sobre o caso.




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