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Consórcio rejeita adotar lockdown

Colegiado aguarda orientação do governador João Doria para tomar
medidas mais drásticas com intuito de forçar o isolamento da população

Aline Melo
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
19/05/2020 | 00:01
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O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC rejeitou tomar atitudes mais drásticas para aumentar o isolamento físico, como o lockdown (bloqueio total), pelo menos por enquanto. Ontem pela manhã, em reunião virtual, os sete prefeitos debateram o assunto e também o avanço da pandemia de Covid-19 na região e ficaram de esperar posição do governador João Doria (PSDB), que à tarde descartou a medida neste momento, apesar de assegurar que o Estado de São Paulo está preparado para tomar esse tipo de decisão.

“Não estamos decretando lockdown nem recomendando o lockdown na Capital de São Paulo ou na Região Metropolitana”, disse Doria, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. “Estamos tentando todas as alternativas possíveis para viabilizar o achatamento desta curva, atender às recomendações da área da saúde e proteger vidas”, completou o governador.

Presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania) destacou que a região não tem como tomar qualquer decisão individualmente. “Estamos nesta grande conurbação urbana que é a Região Metropolitana e todas as cidades têm ruas que metade está em São Paulo, metade está no Grande ABC”, justificou.

Maranhão afirmou que os prefeitos têm acompanhado com preocupação o avanço da pandemia, mas que todas as medidas que dependiam das administrações municipais já foram tomadas. “Nosso índice de isolamento tem ficado em 50%, quando a gente sabe que o mínimo deveria ser 50%. Dependemos de apoio do governo do Estado, como a determinação de que a PM (Polícia Militar) faça a fiscalização, porque nós não temos meios”, pontuou.

O presidente do colegiado ainda afirmou que a média de mortes no Grande ABC já é três vezes maior do que a média mundial, considerando o total da população – ontem a região alcançou a marca de 391 perdas. “No mundo, os óbitos estão em torno de 0,004% do total dos habitantes. No Brasil, 0,07% e no Grande ABC, 0,013%”, citou Maranhão. “Certamente, medidas para aumentar o distanciamento incluem maior restrição na mobilidade e no transporte público”, completou.

TESTES
Gabriel Maranhão afirmou que o Consórcio ainda não descartou a aquisição de testes da Covid-19, como havia sido anunciado no fim de março, mas que questões financeiras ainda estão sendo consideradas.

“Quando resolvemos que íamos comprar, houve uma atuação dos Estados Unidos, que compraram muito, inflacionando os valores. Ficou inviável a compra de 1 milhão de testes. Estamos mantendo as cotações atualizadas, mas também aguardando para saber se haverá recurso do governo estadual ou se o Estado vai enviar para nós os testes”, detalhou o secretário executivo do colegiado, Edgard Brandão.

O Consórcio concluiu recentemente a compra de 14 milhões de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e álcool gel, ao custo de R$ 10,6 milhões. O material começa a ser entregue nas cidades na próxima semana.

Grande ABC decide hoje se vai antecipar feriados

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC realizará hoje, às 10h, reunião extraordinária para decidir se as sete cidades vão aderir à antecipação de feriados, proposta ontem pelo governador do Estado, João Doria (PSDB), durante coletiva de imprensa. O decreto do tucano será enviado hoje para Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) solicitando que a celebração da Revolução Constitucionalista – comemorada em 9 de julho – passe para o próximo dia 25, na segunda-feira, em todo o Estado.

O governador sugeriu ainda a mudança de data dos feriados de Corpus Christi (comemorado em 11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro). Doria pediu que seja decretada pelos prefeitos a transferência das duas comemorações para os dias 26 e 27 deste mês – emendando com o fim de semana e o feriado estadual de segunda-feira, seriam pelo menos cinco dias de paralisação. Na Capital, as celebrações serão amanhã e quinta-feira – a decisão já foi aprovada pela Câmara.

A antecipação dos feriados, porém, ficará a cargo dos prefeitos das cidades da Região Metropolitana – o que inclui o Grande ABC, Litoral e o Interior.
Segundo Doria, a intenção é que a medida intensifique o isolamento físico, já que a adesão à campanha tem caído em todo o Estado, não passando de 50% de pessoas se mantendo em casa. Segundo o governador, a expectativa é a de que o projeto possa ser analisado em regime de urgência e ter aprovação majoritária dos deputados na Assembleia Legislativa. “Vamos recomendar que prefeitos da Região Metropolitana, do Interior e do Litoral possam igualmente avaliar com as suas câmaras municipais a antecipação de feriados para os dias que sucedem aos feriados aqui de São Paulo”, disse Doria, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirante.

Segundo o Consórcio, presidido pelo prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), a decisão será mediante a votação dos sete municípios e, embora a opção seja conjunta, cada cidade deverá publicar seu próprio decreto. Questionadas, as sete administrações afirmaram que, mesmo com a proposta discutida internamente, os prefeitos aguardarão a reunião de hoje para anunciar a decisão.




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