Economia Titulo Impacto da crise
Covid-19 ainda não reflete no ‘nome sujo’

Inadimplência na região só sentirá impactos da pandemia a partir de abril; taxa caiu 3,3% em março

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
05/05/2020 | 00:01
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Banco de Dados/DGABC


A crise provocada na economia pelo avanço do novo coronavírus no País ainda não reflete nos registros de consumidores inadimplentes na região em março, quando houve queda de 3,3% no número de pessoas com nome sujo, na comparação com o mesmo período de 2019. O recuo nas sete cidades foi mais expressivo do que no Estado e no País, respectivamente, com 1,5% e 0,5% no Brasil.

As informações são da Boa Vista SCPC e incluem dados dos consumidores de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas, ou seja, é um conceito diferente do endividamento, conforme explicou o economista da Boa Vista, Flavio Calife.

“As pessoas podem estar endividadas, mas pagando as contas regularmente. Uma conta que não é paga durante 15 dias é considerada atrasada. Até mesmo depois deste período, quando o SCPC manda uma carta, há um tempo para pagar. Até o nome entrar de fato na lista (nome sujo), pode levar um período de 30 dias,” disse o especialista.

De acordo com ele, é por esse motivo que ainda não aparecem os reflexos da pandemia, mas o cenário deverá ser diferente nos próximos meses. Não há números estimados sobre a quantidade de pessoas com o nome na lista do SCPC no Grande ABC, mas no País, este número gira em torno de 72 milhões de pessoas.

“É uma surpresa este número positivo, em um cenário ruim. Mas é porque eles se referem ao primeiro trimestre deste ano. A inadimplência já vinha caindo de um a dois anos para cá por causa da redução de consumo no comércio. A gente espera que isso possa se modificar nos próximos meses. A partir de abril, pelo menos”, afirmou o especialista.

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, também há interferência na queda de juros, que ajuda na diminuição da inadimplência. A taxa Selic atualmente está em 3,75% ao ano e pode ser reduzida ainda mais (leia mais abaixo).

A tendência é que o segundo trimestre seja muito pesado no ponto de vista do desempenho econômico. Com o aumento no desemprego, que deve acontecer, as pessoas terão um problema sério para pagarem as contas em dia. Será uma explosão forte, com queda do emprego formal e informal, e a junção vai ter impacto forte na inadimplência nos próximos meses. Nós vamos seguir uma tendência explosiva na região, ao contrário do primeiro trimestre”, afirmou Balistiero.

CRÉDITO
Além do índice de inadimplência, a Boa Vista também divulgou o indicador de recuperação de crédito. O número é elaborado a partir das exclusões de registros informadas pelas empresas credoras. Este resultado teve queda de 1,8% na região, 2,2% no Estado e 1,2% no País em março. Segundo Calife, o resultado da região reflete “a redução da atividade do comércio. Significa que o consumidor já estava gastando menos.”


Mercado espera a taxa Selic a 3,25%
Avaliação é que Copom vai reduzir a taxa básica de juros nas reuniões de hoje e amanhã

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) realiza hoje e amanhã reunião, em Brasília, para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 3,75% ao ano.
De acordo com pesquisa do BC junto ao mercado financeiro, a expectativa é que a Selic caia para 3,25% ao ano. Para a próxima reunião, em junho, a estimativa é que a taxa seja reduzida para 2,75% ao ano e termine 2020 nesse patamar.

Para o fim de 2021, estima-se que a taxa básica chegue a 3,75% ao ano. A previsão anterior era de 4,25% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão está em 5,50% ao ano, ante 5,88% ao ano, na semana passada. Ao fim de 2023, as instituições mantiveram a previsão em 6% ao ano.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

INFLAÇÃO
As instituições financeiras consultadas pelo BC reduziram a previsão de inflação de 2020, pela oitava vez seguida. A projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) caiu de 2,20% para 1,97%.

Para 2021, a estimativa de inflação passou de 3,40% para 3,30%. A previsão para 2022 e 2023 não teve alterações e permanece em 3,50%.

A projeção para 2020 está abaixo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional é 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.

Para 2021, a meta é 3,75% e para 2022, 3,50%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual em cada ano. 




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