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Penhor tem crédito recorde no ABC
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
15/01/2005 | 14:25
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Os empréstimos por penhor no Grande ABC cresceram 26% em 2004 na comparação com o ano anterior. O crescimento representa recorde nesta modalidade de crédito. As três agências da Caixa Econômica Federal que oferecem o serviço na região – em Santo André, São Bernardo e Diadema – liberaram um total de R$ 3,6 milhões.

A expansão surpreendeu especialistas do banco, já que o crescimento médio no país em 2004 ficou pouco acima de 0,5% (R$ 23 milhões a mais que o total de R$ 4,1 bilhões em créditos de 2003). O aumento da demanda na região fez com que a direção da Caixa tomasse a decisão de implantar o serviço também em São Caetano e Mauá, o que deverá ocorrer até final do ano.

A concessão de crédito do penhor acompanha a tendência verificada em 2004, quando bancos e financeiras emprestaram R$ 121,6 bilhões para o consumo de pessoas físicas. O montante elevou o crédito ao consumo para 7,25% do PIB (Produto Interno Bruto), índice mais alto desde 2001.

A direção da Caixa afirma que o aumento da demanda é sinal positivo, pois revela que tem aumentado a necessidade por crédito – explicação para o aumento das vendas registrado durante o ano.

Para o diretor regional da Caixa no Grande ABC, Edvaldo Contin, a procura maior por penhor na região é também resultado das campanhas informativas intensificadas nos últimos cinco anos, que visaram mostrar que a modalidade está entre as mais vantajosas do mercado, com juros mais baixos: 2,7% em média, a metade do cobrado por empréstimo pessoal, por exemplo, e quase quatro vezes menor que o cheque especial.

Além dos juros, o penhor possibilita crédito imediato, sem avalista ou cadastro. "Pessoas com restrição no nome ou sem fiadores podem conseguir dinheiro na hora", explica Contin. "É a razão do aumento do penhor na região numa época de clara recuperação econômica."

As vantagens do penhor, no entanto, não se limitam aos juros baixos e à rapidez na concessão. Os prazos de quitação do valor retirado – que são limitados em até 80% da avaliação – podem ser estendidos em caso de o credor não ter todo o dinheiro do bem dado em garantia. Ao efetuar o pagamento dos juros referentes ao prazo da prorrogação, é possível protelar por período indeterminado o financiamento e impedir que a jóia seja leiloada.

E geralmente isso acontece. O balanço de 2004 dos penhores da Caixa – que mantém monopólio do crédito na modalidade no Brasil – aponta que 60% das jóias deixadas no banco em garantia continuam nos cofres da instituição, no entanto sob pagamento dos juros do período. "É uma prova de que além de ter um valor material pelo ouro ou pedra preciosa, as pessoas depositam grande valor sentimental nas peças e não as deixam ir a leilão. Menos de 10% dos artigos deixam de ser retirados", diz José Antonio Lucas de Oliveira, gerente-geral da agência Senador Fláquer da Caixa, em Santo André, que responde por 45% do volume total do Grande ABC. São Bernardo tem 35% e Diadema 20%.

Micropenhor – Quem pensa que apenas jóias caras podem ser penhoradas se engana. De olho nos clientes de baixa renda, a Caixa lançou há três anos o micropenhor – empréstimos de até R$ 300, com amortização única na data do vencimento e juros fixos de 2%. A linha é destinada exclusivamente a clientes que não possuem saldo médio na corrente ou aplicação financeira acima de R$ 1 mil na Caixa ou R$ 600 em outros bancos.

Na linha de crédito tradicional, os empréstimos podem ultrapassar R$ 300, sem limite de concessão. O acréscimo, no entanto, salta para até 3,12%. Enquanto o valor médio por operação no penhor tradicional é de R$ 442,10, no de micropenhor é de R$ 236,85.

A modalidade de micropenhor tem motivo. E não é benemerência. Os pequenos empréstimos representam hoje mais de 60% de todo o volume liberado. O tipo de crédito deve crescer ainda mais. São pequenos brincos, anéis, alianças e pingentes. A Caixa, porém, não aceita peças confeccionadas com ouro de teor inferior a 12 quilates, exceto quando apresentarem valor histórico.

Segundo o gerente-geral da Caixa em Santo André, José Antonio Lucas de Oliveira, o banco espera que o micropenhor cresça 20% em 2005. "Apesar de apenas estarmos aceitando jóias, e não mais objetos como relógios, instrumentos musicais ou máquinas fotográficas, apostamos no crescimento desse tipo de crédito. O próprio penhor se divulga: basta calcular o custo-benefício para concluir que a modalidade é a melhor opção disponível no mercado", acrescenta.




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