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Cidades que mais investem se destacam no saneamento

Levantamento com os 100 maiores municípios do País mostra evolução em S.Bernardo e Mauá e piora em Sto.André e Diadema

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/07/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


As cidades do Grande ABC com maior investimento em saneamento em relação ao montante arrecadado são as melhores colocadas em ranking feito pelo Instituto Trata Brasil divulgado ontem. O levantamento analisa os dados de abastecimento e perda de água, coleta e tratamento de esgoto, entre outros, nos 100 maiores municípios do Brasil (aqueles com população acima de 200 mil habitantes) – São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não aparecem na relação.

Os números são referentes a 2017 e foram informados pelas administrações municipais ao Snis (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento). Professor do curso de engenharia ambiental da Universidade Metodista de São Bernardo, Carlos Henrique de Oliveira ressalta que resultado reflete o investimento nos serviços. 

Melhor colocada entre as cidades da região avaliadas, Mauá está em 24º lugar (subiu uma posição em relação ao ranking de 2018). Uma das explicações é que o município ostenta a maior proporção de verba aplicada na área – 32,29% do total arrecadado. “Os investimentos na ampliação da rede de coleta e no tratamento do esgoto podem justificar este resultado”, afirma Oliveira.

Mauá, no entanto, figura entre as 20 com maior índice de perda de água na distribuição – 49,05%. O cenário é classificado como “trágico para a população” pelo especialista. Em nota, a Sama (Saneamento Básico de Mauá) afirmou que “com constante trabalho de recuperação de vazamentos das adutoras, os índices tendem a melhorar nos próximos meses.” 

São Bernardo ocupa a 33ª colocação no levantamento, tendo avançado 11 posições na comparação com 2018. O município teve o segundo maior índice de investimento nos serviços de saneamento – aplicou 16,99% do volume arrecadado. Apesar da melhora no ranking, Oliveira avalia que os investimentos podem não ter sido suficientes para atender à demanda e à necessidade de ampliação e de melhoria nas redes e nos serviços, principalmente nas áreas mais próximas à Represa Billings.

Santo André está na 50ª colocação e amarga queda de sete posições na tabela do Trata Brasil. A cidade aportou a menor proporção recursos em saneamento – 3,25% do volume arrecadado. O município obteve aval da Câmara para que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) assuma parte do serviço que atualmente é prestado integralmente pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental). O objetivo é quitar a dívida de R$ 3,4 bilhões da autarquia municipal com a Sabesp e resolver as constantes faltas de água. “Veremos, mais à frente, se o problema era técnico-operacional ou político-institucional”, declara Oliveira. O Semasa informou que houve divergência na medição de tratamento de esgoto e, por isso, queda no ranking.

Diadema é a cidade pior colocada entre as quatro avaliadas na região – 55ª posição – e perdeu 15 colocações em relação a 2018. O investimento foi de 9,12% da arrecadação.

Conforme o professor, a análise de dados com dois anos de diferença entre sua coleta e sua divulgação pode não traçar real panorama do saneamento no País. “O intervalo poderia ser menor se houvesse investimento em melhoria tecnológica do Snis para que o sistema fosse mais inteligente”, concluiu.

A Sabesp, responsável pelo saneamento em São Bernardo e Diadema, informou que discorda dos dados sobre Diadema e destacou que os índices de saneamento da cidade apresentam melhora constante desde que a Companhia voltou a operar o serviço no município, em 31 de março de 2014. "Desde aquela data, muitas melhorias foram realizadas, com investimentos de R$ 200 milhões no período. E, com um plano de investimentos de 529 milhões, as obras e ações a serem realizadas proporcionarão a universalização do saneamento da cidade, com abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto garantidos aos moradores das áreas regulares até 2025", relatou em nota.

São Caetano lidera ranking nacional pelo segundo ano consecutivo

Divulgado em 25 de junho, o Ranking Abes da Universalização do Saneamento aponta São Caetano como líder nacional em estudo que reuniu 1.868 municípios – divididos entre os de grande e médio portes (com mais de 100 mil habitantes) e os de pequeno porte (com até 100 mil moradores). A cidade obteve a pontuação máxima (em uma escala que vai de zero até 500). 

O levantamento apresenta o percentual da população dos municípios brasileiros com acesso aos serviços de abastecimento de água, coleta de esgoto e de resíduos sólidos, além de medir o quanto de esgoto recebe tratamento e se o líxo tem a destinação adequada.

São Caetano foi o único município da região a figurar no grupo das cidades com maior pontuação (de 489 a 500), classificadas como “rumo à universalização”. Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires estão no conjunto dos municípios com “empenho para universalização”. Rio Grande figurou entre os distritos de pequeno porte, também com o título “empenho para universalização”. Mauá foi a terceira colocada no ranking nacional com “compromisso com a universalização”.

Professor do curso de engenharia ambiental da Universidade Metodista de São Bernardo, Carlos Henrique de Oliveira ponderou que a situação do Grande ABC ainda está longe da ideal, estabelecida pela Lei Nacional de Saneamento, a universalização do acesso aos serviços básicos de infraestrutura. 




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