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Márcio França deixa Estado sem grandes marcas na região

Governador sai do cargo devendo avanços em pautas centrais do Grande ABC, a exemplo da Linha 18

Fabio Martins
30/12/2018 | 06:49
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Claudinei Plaza/DGABC


O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), sairá do cargo de comando do Estado mais rico do País no dia 31 sem deixar grandes marcas ao Grande ABC. No período de pouco mais de oito meses à frente do Palácio dos Bandeirantes – quando a partir do dia 7 de abril, então como vice, recebeu o bastão de Geraldo Alckmin (PSDB), que renunciou ao posto –, o socialista assumiu compromissos de projetos direcionados às sete cidades, mas sai da função devendo avanços em propostas consideradas centrais à região.

Diversos programas e obras ficaram pelo caminho, alguns, inclusive, foram travados, a exemplo da descentralização da farmácia de alto custo e da unidade do Bom Prato em São Bernardo. A previsão de entrega do restaurante popular era no primeiro semestre, em espaço anexo ao Poupatempo, porém os prazos foram adiados. A última protelação aconteceu quando a inauguração do equipamento estava marcada para novembro. A nova data é janeiro.

A descentralização da farmácia de alto custo instalada no Hospital Mário Covas, em Santo André, era promessa do governo paulista para junho. Até hoje nada de concreto, apesar do tempo expirado. O espaço está praticamente pronto, contudo, não existe prazo para efetivação. Abertura de processo para reforma das estações da Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanas) foi ignorada. Viabilizar saída para a pendência das dívidas bilionárias das autarquias de saneamento de Santo André e Mauá, assim como fez com Guarulhos, também ficou no esquecimento.

O impasse em relação à implantação da Linha 18-Bronze, assinada desde 2014, é outro caso emblemático em que não houve andamento no período. Pelo contrário. O Estado reservou apenas R$ 40 no Orçamento de 2019 para a construção do monotrilho. França chegou a sugerir a criação de contribuição de melhoria – tributo àqueles que se beneficiariam diretamente pelas intervenções. Em contrapartida, o socialista correu para destravar o segundo trecho do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) da Baixada Santista, seu reduto eleitoral – foi prefeito de São Vicente por dois mandatos. Aliás, o lado político aproximou França de prefeitos do Grande ABC. O diálogo é tido como trunfo do socialista.

Segundo o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), França “não fez nada” pela cidade. “Veio para fazer campanha, só. Ação de governo não houve”, disse, ao alfinetar que o “governante precisa governar para todos”. “Ao não atender São Bernardo, ele não me prejudica, prejudica a população de São Bernardo. São Bernardo não terá nenhuma saudade do governo Márcio França. Para cidade, ele entra como o pior governador que o município já viu. Justiça foi feita (na eleição) e ele está de saída.”

Já o chefe do Executivo de Santo André, Paulo Serra (PSDB), sustentou, por sua vez, que os projetos “caminharam” com a cidade. Citou avaliação positiva por continuidade a andamento de programas, como Desenvolve SP para reforma de ginásios, no valor de R$ 9 milhões, e tramitação adiantada para acordo junto ao Dersa. “É a recuperação do Clube de Campo, que era compromisso nosso de campanha, com contrapartida do Rodoanel. Santo André ainda não conseguiu (compensação), são R$ 16 milhões.” 

Governo cita projeção de aporte de R$ 395 mi

O Estado sustentou, por nota, que, além dos repasses constitucionais obrigatórios, foram ou estão em processo de investimentos de R$ 395,3 milhões em recursos voluntários nas sete cidades, acrescentando a aplicação de US$ 123 milhões (o equivalente a R$ 476,7 milhões), no Pró-Billings em São Bernardo desde abril e elencando ações do governo paulista por meio de programas na Educação, Saúde, cultura, saneamento e infraestrutura. 

 Para obras de infraestrutura urbana, França assinou em junho convênios com Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, somando R$ 6 milhões em investimentos para asfalto, nos quais R$ 2,4 milhões já foram pagos em parcelas, segundo o Palácio dos Bandeirantes. “As demais cidades da região não integraram o programa de recursos para asfalto ou por não manifestarem interesse ou por pendências na documentação.”

 A respeito da abertura do Bom Prato, de acordo com o governo, “a unidade está em fase final de obras para breve inauguração no início do ano”. 

 Em relação à descentralização da farmácia de alto custo, a Secretaria de Saúde pontuou que “está desenvolvendo um projeto em conjunto com os municípios da região”. “Em julho, a Pasta se reuniu com representantes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, e está analisando as propostas para dar andamento à implantação das farmácias em locais estratégicos da região, como o Poupatempo de São Bernardo”. A secretaria citou ter firmado novo convênio de R$ 3 milhões para conclusão da obra do pavimento térreo do Hospital Municipal de Ribeirão Pires. 




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