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Seguro é até 38% mais caro no ABC
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
28/11/2004 | 14:04
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O preço do seguro de veículos no Grande ABC pode ser até 37,75% mais caro do que na cidade de São Paulo, aponta levantamento feito pelo Diário. A maior ocorrência de roubos e furtos de veículos é o fator que mais influencia essa diferença, segundo seguradoras e corretores, que afirmam existir tendência de encarecimento do seguro na região há pelo menos três anos. A surpresa da pesquisa foi Diadema – que, na média das cotações, registrou seguro 1% inferior ao da capital.

Para chegar a essa diferença, o Diário fez a cotação do seguro de um mesmo automóvel com proprietário residente em todas as cidades do Grande ABC e na capital. A reportagem consultou três empresas diferentes, tomando como base o mesmo perfil de condutor e bairros com níveis de renda semelhantes.

Pelo levantamento, as cidades de Santo André e Mauá ostentam preços médios 26,53% e 33,33% mais altos que os de São Paulo, respectivamente. Apenas as cidades de Diadema (-0,98%) e Rio Grande da Serra (-0,16%) apresentaram preços médios inferiores aos da capital paulista. A maior diferença, de 37,75%, foi constatada comparando-se o preço do seguro cujo proprietário do carro reside na Vila Bastos, em Santo André, ao de outro na Vila Mariana, em São Paulo.

Para chegar ao preço final do seguro, as seguradoras levam em consideração diferentes informações. A ocorrência de roubos e furtos de carros e acidentes de trânsito são avaliados dentro da base de clientes de cada empresa, que cria microrregiões para definir a periculosidade de cada área. Assim, ao contrário do que se imagina, não são utilizados dados externos à realidade da empresa, como números oficiais de segurança pública. Além dos fatores regionais, as empresas também avaliam o tipo de veículo, perfil do usuário e condições de segurança, como existência de garagem na residência e no trabalho.

A alta incidência de furtos e roubos, no entanto, pode responder por até 50% do valor do seguro, segundo Marcelo Goldman, diretor-executivo de seguros de automóveis da AGF Seguros. "A definição da periculosidade de cada área é feita com base na experiência com nossa carteira de clientes. Se o risco de roubo é maior, nosso custo operacional também será maior. No Grande ABC, verificamos evidente fator de risco adicional", afirma.

Para o diretor do ramo de Automóveis da Porto Seguro Seguros, Luiz Pomarole, os índices de roubos e furtos no Grande ABC têm crescido constantemente entre os clientes da empresa. "É uma tendência que não mostra sinais de reversão. Usamos nossa base de dados, mas costumamos dizer que ladrão não escolhe seguradora. É um problema de segurança pública, mesmo", diz Pomarole.

Ranking – Levantamento do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), braço estatístico do Diário, confirma as informações de Pomarole. Segundo o estudo, que analisa as 55 cidades economicamente mais importantes do Estado de São Paulo, os municípios do Grande ABC estão entre os que mais registraram roubos e furtos de veículos em 2003. Santo André está na última posição do ranking, pois registrou 1.571,5 ocorrências para cada 100 mil habitantes.

As outras cidades da região abrangidas pelo levantamento também apresentaram alto índice de ocorrências de roubos e furtos: São Caetano é a 54º, com 1.186,5 ocorrências por 100 mil habitantes; São Bernardo é a 52º (892,3 ocorrências), Diadema é a 50º (670,8) e Mauá é a 49º (618,2).

Abrangência – A definição das áreas mais perigosas da Região Metropolitana de São Paulo, contudo, não corresponde à tradicional divisão urbana. Segundo Pomarole, pode abranger blocos de bairros, áreas em cidades diferentes e até médias de incidentes em regiões próximas.

"Podemos ter índices para cada bairro ou conjunto de bairros. Isso dependerá da quantidade de segurados que tivermos em cada cidade ou região, para que possamos ter uma amostragem suficiente para avaliação", afirma.

Os dados sobre roubos e furtos são atualizados mensalmente na maior parte das seguradoras, que repassam seus índices para os corretores com freqüência semelhante. "Isso não quer dizer que haja revisão mensal de preços, mas, na medida em que registramos redução permanente de roubos e furtos, ela é repassada aos nossos clientes", afirma Goldman, da AGF.




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