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Trabalhadores protestam contra assédio
Por William Glauber
Do Diário do Grande ABC
16/12/2006 | 01:33
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Trabalhadores e trabalhadoras da Copam Autopeças, de Ribeirão Pires, atrasaram ontem em quase duas horas o início da produção para protestar contra suposta prática de assédio moral na empresa. Cerca de 130 empregados, organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, reclamam da gestão de Recursos Humanos da companhia.

Segundo denúncia do Sindicato, os trabalhadores da fábrica – que produz, entre outros, quebra-sol e tampão de estepes, destinados à indústria automobilística –, têm o uso do banheiro cerceado por encarregados da Copam. Em determinados horários, como mostra o comunicado do setor de Recursos Humanos que segue abaixo, a empresa restringe a ida ao sanitário e torna obrigatório o pedido de autorização à chefia. Caso o trabalhador não comunique, fica sujeito à “advertência” por conta de “falta grave”. Ao término da circular, a empresa ameaça o “infrator” de “demissão com justa causa”.

O presidente do Sindicato da Construção Civil de Santo André, Luiz Carlos Biazi, conta também que as trabalhadoras – correspondentes a 90% da mão-de-obra da linha de produção – sentem-se constrangidas com a “perseguição” de chefes, até mesmo nos banheiros. “Não podem ir ao sanitário, não podem falar e ainda são intimidadas durante o trabalho por conta de a empresa filmar as atividades”, denuncia o sindicalista. Segundo Biazi, a empresa se recusa a negociar com a entidade de representação da categoria.

A “censura” ao diálogo entre os trabalhadores, principalmente entre as mulheres, data de três anos e meio atrás, segundo o diretor do Sindicato na empresa Fábio de Oliveira Joaquim. “Quando a administração da Copam passou do pai para o filho, começaram a cobrar mais produtividade e, com isso, impediram que as pessoas conversassem. Para isso, biombos foram instalados para isolar as trabalhadoras”, conta o sindicalista, que diz sofrer retaliações no cumprimento do mandato de representação.

Empregados consultados pela reportagem confirmam as dificuldades de trabalho impostas pela diretoria da Copam. Segundo relato de trabalhadoras, entraves são colocados, sim, para impedir a ida ao banheiro. Além disso, elas são “vigiadas”, contam, para que não estabeleçam diálogo com as colegas ao longo da jornada de trabalho.

Prova da insatisfação de boa parte das mulheres é que somente três trabalhadoras tentaram furar o bloqueio de isolamento na fábrica. Quando Joaquim, colega de trabalho proferiu breve e simples discurso, ele foi bastante aplaudido por elas.

MANIFESTAÇÃO

A coordenação da CUT-ABC (Central Única dos Trabalhadores) chegou cedo ao local da manifestação. Às 5h30, as principais lideranças das categorias da construção civil e mobiliários já estavam na porta da Copam. Antes do ato, um café da manhã foi oferecido aos trabalhadores.

A manifestação contou com apoio também de sindicalistas dos metalúrgicos, químicos, costureiras, saúde, entre outras categorias cutistas da região. À manifestação também compareceram deputados e vereadores da região. No fim do protesto, os sindicalistas formaram um corredor e aplaudiram as trabalhadoras que participaram do ato.



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