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Os cerrados da Amazônia
Mariana Ferraz
Ciência Hoje/RJ
09/11/2009 | 07:00
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Cientistas que investigam a diversidade dos fragmentos de cerrado que ocorrem dentro da Amazônia encontraram boas surpresas. Em áreas ao sul do Pará, eles registraram a presença de uma nova espécie de planta e de outra que se tornou rara devido à urbanização, além de um lagarto nunca descrito na região. Os cerrados da Amazônia, no entanto, são ameaçados pela extração de areia e seixo, cujo destino é o uso na construção civil. A atividade, comum na região, deixa como resultado um território desertificado e com poucas chances de recuperação.

Os fragmentos de cerrado amazônico ocupam não mais que 2,8% dos imensos 4,1 milhões de quilômetros quadrados ocupados pela floresta. No Pará, representam 2,6% do Estado. Para o biólogo Leandro Valle Ferreira, esse é mais um motivo para preservá-los. " Essas áreas são importantes para a biodiversidade, pois abrigam condições diferentes do restante da Amazônia", diz.

Ferreira trabalha no Museu Paraense Emilio Goeldi, onde coordena uma equipe que realiza inventários da flora que servirão de subsídio à elaboração do projeto de Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará. O ZEE, como é conhecido esse tipo de projeto, define as atividades a serem realizadas em diferentes regiões. "Estamos estudando o Pará de Norte a Sul para definirmos as áreas prioritárias para a conservação no Estado", explica. "E as regiões de cerrado, semelhantes às do planalto central, são prioritárias e pouco protegidas."

Os resultados obtidos pela equipe servem de base para a afirmação do pesquisador. Em pequenas áreas de cerrado do município de Mocajuba, a 200 quilômetros de Belém, eles encontraram uma planta insetívora, Drosera cayennensis, cuja ocorrência tornou-se rara devido à ocupação humana. Ali também registraram a presença de um lagarto que, até então, se acreditava habitar apenas os Estados de Mato Grosso e Goiás.

"Essa descoberta foi feita por acaso, já que nossa equipe estuda a flora. Mas quando uma das pesquisadoras viu o lagarto, decidiu tirar uma foto. Depois ficou confirmado que se tratava mesmo da espécie Tupinambis quadrilineatus, que nunca tinha sido registrada no Pará.

Além disso, uma nova espécie de planta também está sendo descrita por especialistas.

Para o biólogo, esses são dados que mostram a importância dos trabalhos de inventário da biodiversidade. "Levantamentos florísticos ainda são negligenciados, mas eles aumentam nosso conhecimento e são a base para a formulação das políticas públicas de conservação", avalia.




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