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Após desbravar a neve, Bindilatti sonha com uma medalha olímpica

Andreense já foi a quatro Jogos de Inverno no bobsled e se prepara para encerrar a carreira

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
11/11/2019 | 07:22
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Nario Barbosa/DGABC


A vida do andreense Edson Bindilatti é baseada em sonhos. Alguns se tornaram realidade, outros terríveis pesadelos. Mas a maioria ainda habita os pensamentos deste incansável esportista de 40 anos, um dos precursores do esporte de inverno no Brasil, que já foi a quatro Olimpíadas e se prepara para encerrar a carreira.

O desejo de ganhar medalha olímpica é uma das razões que faz Bindilatti acordar todos os dias, estudar e treinar exaustivamente. Ele sabe o tamanho do desafio para alguém que mora em País que raramente neva e que de forma geral trata o esporte com superficialidade. Mas sabe também que hoje esse sonho está muito mais perto do que ontem.

Quando teve o primeiro contato com o trenó do bobsled, a há mais de 20 anos, parecia ficção, literalmente. Ao receber o convite para testar o veículo, que desce a 130 km/h pista estreita controlado pelo balanço do corpo, a sugestão do ex-presidente da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo), Eric Maleson, era a de que assistisse ao filme Jamaica Abaixo de Zero, popular na década de 1990 e que conta história de quatro jamaicanos que se aventuraram na modalidade.

“Sempre fui ligado ao esporte, fazia atletismo e fui para o decatlo, quando recebi o convite. Minha mãe não queria deixar pelo risco, mas a convenci e fui para Nova York. Quando sai do aeroporto estava -15º C, voltei para o saguão, coloquei todas as blusas que tinha e não adiantou nada, igual ao filme. Quando cheguei na pista, achei que era só para olhar, mas ali mesmo já desci. Morro de medo de altura, mas encarei. Foi amor à primeira vista”, narra.

Deste primeiro contato até hoje, já foram quatro Olimpíadas de Inverno, sempre mostrando evolução de um ciclo para outro. Se no início Bindilatti e todos os brasileiros enfrentaram problemas gigantescos, como irregularidades administrativas na CBDG, que inclusive afastou o presidente Eric Maleson e o fizeram perder os Jogos de Vancouver, no Canadá, em 2010, hoje ele comemora o fato de o Brasil estar entre os 20 melhores conjuntos do mundo.

“Evoluímos muito. Tanto que hoje já sonho com uma medalha olímpica. Não sei se ainda como atleta, já que os Jogos de Pequim (2022) serão os meus últimos como piloto da equipe, mas que seja como dirigente”, comenta ele, que tem o desejo de presidir a CBDN.

Bindilatti é um entusiasta por natureza e seus devaneios passam por conseguir por aqui estrutura que só se encontra em países desenvolvidos. “Temos ideia de desenvolver nosso próprio trenó, como fazem Estados Unidos e Alemanha. Os melhores no mercado são produzidos por Suíça e Letônia, custam em média 60 mil euros (cerca de R$ 271 mil). Temos parceria com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) para isso, já usamos o túnel de vento deles e vamos sonhando com isso”, finaliza ele, que com os pés no chão tem de se contentar com os parceiros que o permitem pelo menos sonhar, como o CA Aramançan, clube onde treina.  




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