Política Titulo Negociação
Santo André inclui cláusula de segurança no acordo com Sabesp

Paço limita ajuste com estatal enquanto se mantiver como empresa controlada pelo Estado

Por Fábio Martins
Do dgabc.com.br
18/05/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


No projeto de lei encaminhado à Câmara em que pede autorização para acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o governo do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), inclui item que trata sobre hipótese de romper a concessão, inicialmente por 40 anos, em caso de privatização da empresa paulista. O Paço registra a alternativa no artigo 14º da proposta, abrindo margem de segurança para ruptura do convênio se houver mudança no cenário – atualmente, a estatal é de capital aberto, mas a maior parte das ações continua sob as rédeas do governo do Estado.

“Todos os ajustes autorizados por esta lei somente permanecerão válidos enquanto a Sabesp mantiver sua condição de empresa controlada pelo Estado de São Paulo”, sustenta o artigo mencionado. A matéria foi encaminhada pela administração andreense ao Legislativo depois da assinatura do protocolo de intenções entre a gestão tucana e a Sabesp visando negociar convênio que possa equalizar a dívida da ordem de R$ 3,4 bilhões, assegurar investimentos na rede de distribuição – estimativa em torno de R$ 700 milhões – e adotar medidas para encerrar casos recorrentes de falta d''água na cidade.

A empresa estadual fornece hoje 95% de água no atacado ao município. O passivo se dá justamente devido à diferença do montante pago por Santo André em relação ao valor da tarifa cobrada pela Sabesp desde a década de 1990. A proposta municipal de gestão compartilhada com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) prevê a concessão dos serviços de distribuição de água e esgoto, mantendo, contudo, sob a alçada da autarquia andreense, as atividades de varrição, gestão ambiental e resíduos sólidos.

A ponderação estipulada no projeto da gestão local se dá após terem esfriado as tratativas de privatização neste ano, embora a situação não seja completamente descartada no radar do governo de João Doria (PSDB). O secretário estadual da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles (MDB), sinalizou, em entrevistas, que a privatização ou capitalização da Sabesp não irá se concretizar em 2019. A operação de privatização, segundo levantamento, renderia aos cofres públicos paulistas uma receita de cerca de R$ 10 bilhões ou, no caso de capitalização, R$ 5 bilhões, sendo R$ 4 bilhões à empresa, e estava prevista no orçamento aprovado no fim do exercício de 2018.

O governo paulista detém atualmente 50,3% das ações, enquanto que o restante é negociado em bolsas de valores no Brasil e no Exterior. Apesar da linha encampada por Doria de concessões para diminuir o tamanho do Estado, a proposta específica da Sabesp, portanto, entrou em banho-maria em São Paulo. Dentro da projeção de capitalização da empresa, a ideia já fomentada durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) era criação de uma holding que administraria a fatia estadual. A decisão definitiva não foi tomada neste sentido. A Sabesp é comandada hoje por Benedito Braga, que substituiu Karla Bertocco Trindade no posto.  




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