Acusado de abusos sexuais por ao menos 40 ginastas no período em que atuou pelo Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), clube de São Bernardo, e pela Seleção Brasileira, o técnico Fernando de Carvalho Lopes foi julgado nesta sexta-feira, em Brasília, pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da ginástica, e recebeu pena máxima em cinco artigos do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). O treinador está suspenso por 1.440 dias de qualquer atividade relacionada ao esporte, além de ter de pagar multa de R$ 300 mil à CBG (Confederação Brasileira de Ginástica.
O júri ontem foi composto por três auditores, que tomaram a decisão de forma unânime. Ele foi enquadrado nos artigos 243-B (constranger alguém), 243-C (ameaçar outra pessoa), 243-C (submeter criança ou adolescente a vexame), 243-G (praticar ato discriminatório) e 258 (assumir conduta contrária ao código de ética).
Como a decisão foi aplicada em primeira instância, o advogado do treinador, Fábio D’Elia, garantiu ao Diário que irá recorrer a todas as esferas possíveis. “A imposição de pena foi abusiva. Só estamos esperando sair oficialmente a punição para recorrer. O STJD é administrativo. Se perdermos, vamos para o judiciário. Vamos até o fim porque ele é inocente e o STJD só tomou conhecimento quando foi divulgado pela mídia. Foram falar disso justamente momentos antes da Olimpíada (de 2016, no Rio de Janeiro)”, disse.
Como o STJD só atua na esfera desportiva, Fernando ainda responde na Justiça comum pela acusação de molestar crianças. Para preservar as vítimas, a investigação do processo criminal segue em sigilo no Ministério Público de São Bernardo e na Delegacia da Mulher, do Adolescente e da Criança, também na cidade.
“O caso criminal ainda está em investigação e não há conclusões. Absolutamente nada”, completou o advogado do treinador, que continua morando na casa dos pais, em São Bernardo.