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Intenção de compra do paulista é recorde

Confiança na economia e rendimentos em alta estimulam
o planejamento para os primeiros três meses deste ano

Por Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
10/02/2010 | 07:00
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Se depender das intenções de compra do consumidor paulista, o comércio varejista terá um ano bastante produtivo. Isso porque o índice de pessoas que têm intenção de comprar neste semestre atingiu a marca de 77,2%, a maior desde outubro de 1999, quando o Provar (Programa de Administração do Varejo) da FIA (Fundação Instituto de Administração) iniciou o levantamento.

No primeiro trimestre de 2009, a intenção atingiu 66,6% e, no quarto trimestre, 77%. A maior parte dos 500 entrevistados pretende adquirir itens nas categorias de cine e foto (14%), informática (13,2%) e telefonia e celulares (12%). Neste caso, a tendência de compra saltou em 87,5% em comparação com igual período de 2009.

O resultado da pesquisa surpreendeu o coordenador do Provar/FIA, Nuno Fouto. "Pela primeira vez, o nível de intenção de compra no primeiro trimestre do ano é superior ao registrado no anterior que, devido à sazonalidade de fim de ano, sempre tem fortes projeções", diz.

O especialista também destaca que o interesse do consumidor em fazer compras a prazo está caindo. Ele avalia com mais cautela suas necessidades e deixa as operações de crédito mais para a aquisição de automóveis e material de construção.

GASTOS - Em relação à quantia de dinheiro que está disposto a gastar, a categoria de eletroeletrônicos foi a maior beneficiada, com incremento de 103,5% na intenção de gasto, totalizando R$ 1.649. Os materiais para construção aparecem em seguida com crescimento de 24%, para R$ 3.104 e logo atrás vem móveis, com alta de 12,4%, para R$ 1.334.

Fouto afirma que a disponibilidade de crédito para o consumidor, especialmente das classes C e D, responsáveis pelas altas nas vendas, permanece estável. Por outro lado, preocupa o forte ritmo de consumo no País. "A indústria não está conseguindo atender à demanda em vários setores, fator que pode causar alta nos preços ou desabastecimento. Ou ainda elevação nas taxas de juros pelo governo", destaca.

Mesmo sinalizando interesse acentuado para compras neste trimestre, as categorias populares tiveram queda na intenção de gastos. Em telefonia e celular houve queda de 20,4% (para R$ 301), os eletroportáteis (13%, para R$ 217), cine e foto (8,9%, para R$ 509) e linha branca (7,2%, para R$ 1.322).

Concorrência vai limitar impacto de possível alta na taxa de juros

A concorrência entre as redes varejistas deverá limitar os efeitos da possível alta da taxa básica de juros, a Selic, sobre o consumo ao longo do segundo trimestre, avalia o coordenador geral do Provar (Programa de Administração do Varejo). "A perspectiva de alta da Selic, prevista por analistas do mercado financeiro para acontecer no segundo trimestre, não deverá ser repassada totalmente para os consumidores."

Ele pontua que num mercado competitivo, em que as redes varejistas têm parcerias com bancos, a velocidade do repasse da Selic na ponta do crediário será menor. Os prazos médios de financiamento ao consumidor, medido em dias pelo Banco Central, subiu 6,6% entre dezembro de 2008 e igual mês de 2009.

Felisoni argumenta que, mesmo que ocorra uma elevação dos juros, o fator preponderante para a manutenção do consumo é o parcelamento. "O consumidor é mais sensível ao prazo do que aos juros", justifica. Dessa forma, com o alongamento dos prazos, que deverá manter-se em alta em 2010, o comércio continuará com vendas aquecidas, sobretudo para as classes C e D, que concentram as maiores taxas de crescimento no varejo.

RENDA - A pesquisa conduzida pelo Provar também identificou que a renda do consumidor paulistano, assim como a do morador do Grande ABC está crescendo.

Em relação aos gastos familiares deste trimestre, os entrevistados da pesquisa indicaram sobra de 10% no orçamento, ante 8% registrados no trimestre anterior.

"Além da renda maior, isso pode ser um dinheiro de hora extra, pagamento de bônus pela empresa ou ainda sobra do 13º salário", acrescenta o professor da FIA Nuno Fouto. (Com AE)




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