Economia Titulo Na ponta do lápis
Consumidor ganha pouco
com queda na energia

Empresários do Grande ABC estimam a redução de apenas
1% no preço dos produtos; cortar o tributo seria mais eficaz

Soraia Abreu Pedrozo
17/02/2013 | 07:00
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A redução na conta de luz das indústrias, que conforme anunciou a presidente Dilma Rousseff a partir deste mês deve chegar até 32% para as empresas do setor, vai impactar o preço final dos produtos.

Empresários da região estimam que, para as atividades metalmecânicas (autopeças, metalúrgicas, equipamentos, transportes e eletrônicos), que predominam no Grande ABC e não possuem consumo intensivo de eletricidade - os gastos com energia representam, em média, 5% do valor dos itens -, o percentual de desconto deverá girar em torno de 20%. Isso significa dizer que, no preço ao consumidor, haverá redução de pelo menos 1%. Caso os fornecedores de matéria-prima repassem o abatimento obtido, esse percentual será maior.

Conforme explica Nelson Antonini, gerente industrial da Metalúrgica Dulong, de São Bernardo, fabricante de válvulas em bronze para combate a incêndios, pelo fato de a participação do custo de energia elétrica na produção ser pequena, no caso da empresa, de 5%, o impacto no preço também será, alcançando 1%. "Se um item custar R$ 100, ele será vendido por R$ 99. Embora o desconto não pague sequer o estacionamento de um shopping, não deixa de ser uma redução, e que será repassada aos clientes", diz.

Para Moacir Xavier, diretor administrativo-financeiro da Pichinin, fabricante de bagageiros de carros e suportes de câmbio, motor e alternador de Mauá, a medida vai ajudar a torná-los mais competitivos. "Pelo fato de consumirmos mais gás natural do que energia elétrica, os gastos com eletricidade pesam 3% no total das despesas. O impacto deverá ser de redução de 0,6% do nosso faturamento, o que já é uma economia razoável", afirma.

Xavier conta que uma das principais matérias-primas usadas pela empresa é o alumínio, que será beneficiado com maior redução na conta de luz por conta do uso intensivo de eletricidade. Conforme dados da Chiarini Consultoria, na produção do insumo, entre 25% e 35% do custo refere-se ao gasto com energia elétrica. "Se recebermos repasse dos fornecedores, na ponta a redução pode alcançar desconto entre 1,5% e 2%."

A expectativa é a mesma da Tecnologia Quantum, de São Bernardo, que fabrica módulos acionadores de vidros elétricos e travas para portas. Os componentes eletrônicos, como chips e resistores, vêm da Ásia. O proprietário, Marcos Liron, conta que não consegue fornecedor brasileiro por conta do alto custo. Do que compra de firmas nacionais, caixas plásticas e fios de cobre, espera receber com valor menor. No caso das caixas, a expectativa é de abatimento entre 2% e 3%. Quanto aos fios, ele ainda não consegue estimar.

IMPOSTOS - Para os empresários, a melhor medida por parte do governo seria mexer nos impostos e encargos sociais para, de fato, impactar no faturamento e permitir a ampliação da produção e a contratação de profissionais. Como ressalta Liron, "ninguém está reclamando", porém, no setor automotivo o montante gasto com eletricidade não é expressivo. Além disso, a carga tributária brasileira equivale a 36% do PIB (Produto Interno Bruto), sendo uma das mais altas do mundo. Antonini lembra que é difícil concorrer com o item importado. "Na China, um funcionário que desempenhe determinada função recebe US$ 300, o que dá R$ 585 (com o dólar a R$ 1,95). No Brasil, a mesma mão de obra custa R$ 1.100, sem contar os encargos, que elevam o salário para R$ 2.000", desabafa. "Se o desconto fosse dado no valor pago pelos encargos (sem mexer no benefício), surtiria mais efeito."

Xavier partilha da mesma opinião, exemplificando o preço de uma simples camiseta, usada debaixo de camisas, que no Exterior são adquiridas três por US$ 10 (R$ 19,50) e, aqui, se paga R$ 20 por uma. "Seria muito mais eficaz a redução de impostos, já que normalmente o produto nacional sai mais caro que o importado até sem somar os tributos."

 




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