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Taiwan age com moderaçao e China cogita dialogar
Do Diário do Grande ABC
20/05/2000 | 16:23
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O presidente taiuanês Chen Shui-bian estendeu a mao a Pequim ao nao excluir, em seu discurso de posse este sábado, a possibilidade de uma ``China única' no futuro, declaraçao que as autoridades de Pequim receberam favoravelmente, apesar de sua desconfiança.

``Ao mesmo tempo que confirmamos os princípios da democracia e da paridade, e depois de construir, basedo em fundamentos existentes, as condiçoes da cooperaçao graças à boa vontade, achamos que os líderes de ambos os lados (do estreito) possuem habilidade e criatividade suficientes para tratarem juntos da questao de uma "China única", declaró Chen.

O novo presidente prometeu igualmente nao proclamar a independência da ilha desde que Pequim nao recorra à força militar para obter a reunficaçao de Taiwan ao resto da China.

O presidente taiuanês também prometeu nao incorporar na Constituiçao da ilha um princípio, formulado por sua predecessor Lee Teng-hui, que preconizava relaçoes de ``Estado a Estado' entre Taipé e Pequim.

Por ocasiao do que pode ser considerada uma da primeiras transiçoes pacíficas e democráticas de poderes na história da civilizaçao chinesa, Chen preferiu nao atiçar o fogo.

``Os povos de ambos os lados do Estreito de Taiwan possuem as mesmas raízes, culturais e históricas', recordou o ex-dissidente, preso em Taiwan sob o poder nacionalista.

Chen Shui-bian prestou juramento este sábado, em Taipé, como décimo presidente da República. Sucede no cargo Lee Teng-hui, que permaneceu 12 anos no poder.

Por sua parte, as autoridades chinesas informaram que estao examinando a possibilidade de chegar a um compromisso com Taiwan sobre a questao de ``uma China única', sugerindo um ``diálogo' no qual cada parte expressaria sua interpretaçao desse princípio pelo qual Pequim reivindica sua soberania sobre a ilha.

O discurso de posse de Chen Shui-bian representa uma concessao importante frente a Pequim, que considera uma prioridade a reunificaçao de Taiwan com a ``mae pátria' e para o qual o princípio de ``uma China única' é um dogma indiscutível.

A China denunciou a falta de ``sinceridade' de Shui-bian, mas, de forma surpreendente, abriu uma porta para o diálogo, pela primeira vez desde a vitória do candidato ``independentista' de Taiwan.

Em sua declaraçao imediata à posse, a agência para assuntos taiuaneses do Partido Comunista Chinês (PCCh) e do Governo admitiram que Chen se comprometeu em nao proclamar a independência de Taiwan, mas nao reconheceu explicitamente o conceito de ``China única' como exigem os dirigentes chineses.

``Nao deveria haver condiçoes, nao deveria ter se abstido de reconhecer a China única e o fato de que Taiwan faz parte da China', denunciou Pequim no texto difundido pela agência Nova China.

Os especialistas, no entanto, vêem nesta declaraçao chinesa a primeira concessao de Pequim a Chen desde sua eleiçao. ``Isto confirma que os chineses estao dispostos a aceitar uma definiçao mais vaga do princípio de China única e a voltar à mesa de negociaçoes', observou, em Hong Kong, Jean-Pierre Cabestan, diretor do Centro de Estudos francês sobre a China contemporânea.

Até a eleiçao de Chen, em 18 de março passado, a ilha de Taiwan, cujo nome oficial é República da China, foi governada pelos nacionalistas do patido Kuomintang. Estes últimos consideram a República de China, criada em 1911, como a ``autêntica' China. No entanto, Chen, membro do Partido Democrático e Progressista (DPP, independentsta), prometeu nao substituir este nome pelo de República de Taiwan, algo inaceitável para o regime de Pequim.

A Bolsa de Taiwan fechou em baixa de 3,3% neste sábado, depois do discurso de posse de Chen Shui-bian. ``O mercado ficou desiludido com o discurso de Chen, que nao chegou a dar o passo que se esperava nas relaçoes através do estreito', afirmou Yu Yin-kai, analista da Grand Cathay Securities.




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