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Gabriel Maranhão:
'Meu partido é o Kiko'

Prefeito de Rio Grande da Serra afirma que apoio ao ex-comandante do Paço é incondicional; Kiko deve ir para o PV

Por Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
05/05/2013 | 07:00
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O prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), não esconde a amizade com Adler Kiko Teixeira (PSDB), ex-comandante do Paço em Rio Grande e atual chefe de Gabinete em Diadema. Os dois trabalharam juntos de 2005 a 2012, quando o atual chefe do Executivo atuou como secretário de Obras. A aliança se fortaleceu quando Maranhão foi escolhido por Kiko para ser seu sucessor. A eleição de 2014 será o momento para retribuir o favor e reforçar ainda mais o laço entre os dois. Em entrevista exclusiva ao Diário, Maranhão garantiu que seu apoio ao ex-prefeito é incondicional, independentemente da sigla partidária. Kiko deve ir para o PV, facilitando assim sua eleição para deputado federal, já que a linha de corte de eleitos pelo PSDB é alta. O chefe do Executivo em Rio Grande garantiu que apoiará qualquer decisão do antecessor. O objetivo do prefeito neste ano é consolidar o apoio dos dez vereadores que foram eleitos pela coligação do PSDB no ano passado, principalmente porque Kiko precisa sair bem votado na cidade onde governou por oito anos para conseguir ter fôlego na disputa pela cadeira na Câmara dos Deputados. O atual prefeito também avalia que seu início de trabalho servirá como ponto adicional ao currículo que Kiko levará para as urnas em 2014. Maranhão comemorou as conquistas da sua administração nos primeiros quatro meses deste ano: complexo educacional no valor de R$ 10,4 milhões e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas). Além disso, tucano revelou a construção do batalhão do Corpo de Bombeiros.

 

DIÁRIO - É complicado ser o único prefeito do PSDB no Grande ABC num momento em que o partido atravessa período de instabilidade?

GABRIEL MARANHÃO - Ser do PSDB no Grande ABC é estar na Faixa de Gaza. Tenho sentimento de gratidão pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que desde o começo do seu mandato tem ajudado a cidade. Estou na expectativa para que a gente possa iniciar o convênio com os deputados por intermédio de emendas. Nossa cidade é carente: são R$ 60 milhões para administrar 45 mil habitantes.

 

DIÁRIO - Como o sr. analisa o fato de o deputado estadual Orlando Morando (PSDB), seu parceiro político, afirmar que está sendo perseguido dentro do partido?

MARANHÃO - Tenho carinho e torço por ele. Gosto sempre de dizer que ele está presente nas conquistas da cidade. Tenho compromisso com ele e com o (Adler) Kiko (Teixeira, ex-prefeito de Rio Grande entre 2005 e 2012), de estar os apoiando na eleição do ano que vem. O Orlando é meu candidato a deputado estadual e o Kiko é meu candidato a deputado federal. Vou trabalhar com a mesma gana da minha candidatura. Torço para que o PSDB oxigene e venha com novas lideranças. Isso é importante. Temos uma safra nova de líderes e fico feliz por fazer parte desse time. O Kiko e o Orlando possuem pouca idade, mas grande experiência política.

 

DIÁRIO - Kiko e Orlando sinalizam que podem deixar o PSDB. O acordo com eles ultrapassa a questão partidária?

MARANHÃO - Sem dúvida. Independentemente do partido que eles forem, vou apoiá-los. Se de fato isso acontecer (saída do PSDB), sei que o Orlando e o Kiko têm o desejo de ir para um partido da base aliada do governador para continuar este projeto. Meu partido é o Kiko. Sou Kiko onde ele estiver porque sei que o caminho que ele traçar é um caminho de sucesso, mas principalmente de trabalho. Tenho vínculo com ele que ultrapassa a política. Somos amigos de infância.

 

DIÁRIO - Como trabalhar a imagem do Kiko em Rio Grande da Serra, tendo em vista que o ex-prefeito precisa sair com ótima votação na cidade para facilitar a conquista da vaga de deputado federal?

MARANHÃO - Vejo como dever não muito difícil porque o Kiko tem histórico político de muitas conquistas e realizações na cidade. Ele foi o prefeito mais bem avaliado da história do Grande ABC (80%). Ele tem a grande maioria dos votos. Sei da importância que o meu mandato vai ter até no ano que vem na futura candidatura dele. Tive o privilégio de estar oito anos ao lado dele, que me mostrou a política séria e que o político precisa ser dedicado.

 

DIÁRIO - A coligação encabeçada pelo sr. em 2012 fez a maioria na Câmara: dez dos 13 parlamentares. A base com 18 partidos ajuda na consolidação da pré-candidatura do Kiko?

MARANHÃO - As políticas são mais pessoais e pouco partidárias. Na sessão solene (de aniversário da cidade, na quarta-feira), inúmeros vereadores profetizaram o Kiko como deputado federal. Tivemos exemplos de vereadores que não são do PSDB, mas declararam apoio ao Kiko.

 

DIÁRIO - Ter um grupo deste porte dá muito trabalho. Como é lidar com tanta gente lutando pelos interesses? Dá para contemplar todo mundo?

MARANHÃO - Venho orientando os vereadores para se apropriar das obras da Prefeitura. O prefeito que for querer atender toda demanda não vai conseguir atender nunca. Eles têm feito isso. Onde há projetos venho compartilhando com eles. Gosto de repetir que estou feliz por ter uma Câmara atuante.

 

DIÁRIO - Os problemas que o Kiko tem enfrentado em Diadema pelo cargo que ele ocupa (chefe de Gabinete) são naturais? É comum um ex-prefeito trabalhar dessa forma em outra cidade?

MARANHÃO - Acho que sim. Porque o Kiko é uma pessoa com pouco tempo de Diadema e ocorre ciumeira. Mas ele tem uma experiência imensa. O Lauro (Michels, PV, prefeito de Diadema) fez uma feliz escolha. Vejo que ele não está só querendo fazer a coisa boa, mas também tem discutido questões delicadas. Ele vai ter a grande maioria da base do Lauro. Inclusive, ele anunciou que o Kiko é o candidato dele.

 

DIÁRIO - O PV é um bom destino para o Kiko?

MARANHÃO - Indo para o PV ele não tem a necessidade de ter a quantidade de votos que ele teria pelo PSDB, mas é cedo ainda. Fico feliz porque vejo o número de partidos procurando o Kiko para ser candidato: PSD, PR, PV, PDT, PSC. Isso demonstra que o Kiko, nessa trajetória, foi alguém que fez o dever de casa e honrou o mandato.

 

DIÁRIO - Na sua visão, o Kiko está próximo do PV? Em Diadema já se discute uma dobrada entre ele e a deputada estadual Regina Gonçalves (PV).

MARANHÃO - Sem dúvida, em Diadema, ele vai ser o único candidato do Lauro a deputado federal. A gente acredita que será difícil essas dobradas serem feitas em todo o Grande ABC. Existem lideranças que já têm vínculo com outros deputados, mas sem dúvida, o Kiko vai procurar dobrar com o Orlando em São Bernardo, por exemplo.

 

DIÁRIO - O Kiko conquistou o apoio do PV em Ribeirão Pires?

MARANHÃO - Sim. O diretório está empenhado na campanha do Kiko. Estou otimista porque vi um sonho e hoje vejo a realidade porque o nome dele é falado em todo o Grande ABC.

 

DIÁRIO - O desgaste pelo cargo em Diadema não arranha a imagem dele?

MARANHÃO - Isso é algo isolado. A grande maioria está com ele. Não conheço uma pessoa da base do Lauro que tenha outro pré-candidato a deputado federal. Acho que ciumeira ocorre em todas as cidades. Muitas vezes o maior problema é feito dentro do próprio grupo e é natural. Ainda mais em Diadema, onde a estrutura é muito grande. Mas tenho frequentado lá e posso falar que não conheço uma pessoa do grupo que tenha anunciado outro pré-candidato.

 

DIÁRIO - Seu adversário na eleição do ano passado, Claudinho da Geladeira (PT) é um dos pré-candidatos a deputado federal como estratégia para tirar votos do Kiko em Rio Grande. O eleitor do Kiko migraria para o petista?

MARANHÃO - O ex-prefeito teve 80% dos votos da cidade. O nome dele é mais forte do que qualquer sigla. Eu não me preocupo porque preciso me focar nos projetos e trabalhos da cidade.

 

DIÁRIO - O PT tentou emplacar CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a queda do ex-secretário de Serviços Urbanos Ricardo Orsini, que supostamente comandava esquema de propina por descarte irregular de entulho. O fato de ninguém assinar prova a união da base aliada?

MARANHÃO - O grupo está unido, compartilhando a administração, e eles entenderam que a mudança foi para oxigenar o time. A CPI não foi necessária. Tentaram criar um fato político em cima de algo administrativo.

 

DIÁRIO - Qual outra conquista o sr. destaca neste primeiro quadrimestre do governo?

MARANHÃO - Teremos um batalhão do Corpo de Bombeiros. Quero compartilhar isso com os vereadores que fizeram reunião no meu gabinete e depois uma audiência pública. Vamos criar uma tarifa para isso, o que é complicado, mas fico feliz porque o máximo a ser cobrado para indústria é R$ 300. Para a população não será mais do que R$ 30 por ano. O valor é pequeno perante a conquista. A taxa será cobrada somente no ano que vem, mas o procedimento será feito ainda neste ano. A demora atual para que o carro do bombeiro chegue é 17 minutos e esse tempo, dependendo da ocasião, pode ser uma eternidade.




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