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Lugano dá toque uruguaio ao Mundial
Renan Cacioli
Do Diário do Grande ABC
19/12/2005 | 08:05
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O zagueiro Diego Lugano chegou ao Japão dividido por dois sentimentos: se não bastasse a ansiedade da competição, havia a frustração por não ir à Copa da Alemanha com a seleção uruguaia, eliminada na repescagem pela Austrália semanas antes. Disse até que o título com o São Paulo não conseguiria tirar a tristeza por ver a celeste olímpica – como é conhecida a seleção de seu país – outra vez fora de um Mundial. Um dos principais nomes da final de domingo, Lugano provou definitivamente que o toque uruguaio trazido ao Tricolor não foi em vão.

“É o sentimento de saber que somos o maior time do planeta”, dizia após o jogo, já com o espírito renovado, o maestro da defesa são-paulina. Lugano destoou dos companheiros de posição. Enquanto Fabão e Edcarlos esbarravam na dose excessiva de nervosismo com chutões e vacilos, o uruguaio era quem antecipava-se aos grandalhões do Liverpool, matava a bola no peito e a fazia rolar pelo gramado do estádio Internacional de Yokohama.

Trazido como homem do presidente Marcelo Portugal Gouvêa ao clube do Morumbi em março de 2003 – e sem a aprovação do então treinador Oswaldo de Oliveira –, Lugano demorou a cair nas graças do exigente torcedor são-paulino. Hoje é uma das camisas mais vendidas pelo clube, e símbolo ao lado de Rogério Ceni e Paulo Autuori do time que voltou a conquistar o mundo 12 anos depois. “Me sinto como o embaixador do Uruguai aqui no Brasil e como o embaixador do São Paulo no Uruguai”, celebrou o zagueiro.

Seguro dentro e fora de campo, Lugano sofreu com as bolas aéreas do Liverpool. Quando o perigo não vinha pelo alto, a coisa esquentava no gramado mesmo, como quando o atacante espanhol Morientes apelou dentro da área e atingiu o uruguaio sem que o trio de arbitragem percebesse. Personificado em uma palavra – raça –, ele deixou o jogo abraçado à bandeira do Uruguai, gesto típico de quem aprendeu a comemorar uma conquista em meio à angústia de ver-se distante da Alemanha em 2006.

“Eu disse para ele (Aílton, massagista do São Paulo) guardar a bandeira no banco de reservas e me dar na hora da comemoração”, explicou o jogador, que definiu em uma frase o sentimento do momento: “É o melhor que poderia fazer pelo meu país”. Mensagem que poderia ser perfeitamente direcionada para ambas as nações: a uruguaia e a são-paulina.




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