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Marina relata sentimentos profundos
Do Diário do Grande ABC
15/05/2011 | 07:00
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Marina Anderi, 15 anos, de São Caetano - "Gosto de ler, ficar no computador e conversar com amigos. Balada não é meu forte. Para escrever, inspiro-me em fatos que ocorrem à minha volta. Sou indecisa em relação a qual curso quero fazer na faculdade, mas considero estudar cinema. O endereço do meu blog é http://mycovert.wordpress.com. Comentários são bem-vindos."

UMA NOITE

Talvez aquilo fosse um erro. Ela sentia as mãos dele pelo corpo. As línguas entrelaçavam-se. A cama era macia. Deveria parar, mas não conseguia, não queria. Ambos estavam ligeiramente bêbados, mas ela não se importava com isso nem com a possibilidade de ele não se lembrar de nada no dia seguinte. Só queria, por uma noite, sentir-se amada. Quando se vive num mundo de falsidade, brigas e bullying, não é pecado querer um pouco de felicidade. Uma felicidade passageira, mas suficiente.

 "Você é linda", ele murmurou dando beijos molhados no pescoço dela. Devia estar muito alterado. "Não sou", ela disse num fio de voz, não sabendo se segurava lágrimas ou gemidos. "Você é", ele contemplou seu rosto e ela quis se perder naqueles olhos azuis. "Nunca pense o contrário, você é."

Era estranho que estivesse sendo tão gentil. Ele era brincalhão e bobo, mas nunca atencioso. Tirou a camisa dela e a dele, e ela nem pensou em impedir. "Se a gente t-transar (agora era certeza, ela estava segurando lágrimas)..., v-você promete que não vai ser só isso?"

"Claro que prometo", ele sussurrou novamente, porém não mais olhando para ela, tentando encontrar o fecho de seu sutiã.

Talvez estivesse mentindo ou não tivesse noção do que dizia. Talvez amanhã ele fosse olhá-la da mesma forma que a olhara nos dias anteriores. Talvez aquilo fosse um erro, mas era um erro dela, só dela. Um erro que seria a lembrança de um amor correspondido, mesmo que só por uma noite.

 

ESQUECEU DO MUNDO

O relógio da igreja batia meia-noite e ela não se importava; a festa mal havia começado. Os amigos estavam espalhados pelo clube, restando apenas um ao seu lado. A batida frenética da música eletrônica fazia-a mexer o corpo, mas não o suficiente para dançar. Sempre teve vergonha de dançar. Aos poucos, com a ajuda da bebida, se soltou.

A música eletrônica mudou para funk e, mesmo não gostando do estilo, continuou na pista. Com mais bebida e dança, logo esqueceu de si mesma, de quem era, do passado. Esqueceu que deveria dosar a bebida e que o amanhã ainda existiria. Esqueceu que iria lembrar.

Um garoto aparentando 18 anos aproximou-se, e ela não o afastou. Deixou-o sussurrar em seu ouvido, deixou-o chegar mais perto; mais uma vez, ela se esqueceu. Esqueceu que nem tinha visto o rosto daquele cara. Esqueceu que aquilo não era para sempre, esqueceu que não o amava. Aproveitou da noite o melhor que podia e voltou para casa com um sorriso no rosto.

No dia seguinte, acordou, ligou para um amigo e, após desligar o telefone, andou até a cozinha. Estava radiante, nada podia acabar com sua felicidade ..., mas então lembrou.




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