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Cego cai em buraco e culpa Semasa
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
03/05/2005 | 11:20
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O embalador aposentado José Benedito Maria Martins, 55 anos, acusa a Prefeitura de Santo André de omissão e lesão física, por conta de dois serviços públicos. Deficiente visual desde os 23 anos, Martins caiu por volta das 17h30 da sexta-feira passada em  buraco aberto pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) na altura do número 220 da rua Avaí, no Parque Erasmo. Uma cratera de 1,80 m de diâmetro por 1,30 m de profundidade. Com a queda, sofreu ferimentos que resultaram em sangramento nos rins. Ele foi levado ao Centro Hospitalar Municipal de Santo André e conta que não recebeu medicamentos. Após oito horas de espera, continuava com dores, deitado em uma maca no corredor do pronto-socorro. O Semasa e o hospital negam as acusações.

O aposentado Martins estava próximo de casa e ia comprar frutas na feira da rua Avaí. Ele é conhecido no bairro e sempre circulou pelas ruas. Durante mais de 20 anos, trabalhou como embalador industrial. Não precisava de acompanhantes para se locomover. “Nunca caí em nenhum buraco”, observa.

Ele não sabia da existência da cratera. De acordo com comerciantes e moradores da rua, já havia cavaletes perto da cratera. “Mas a sinalização não foi suficiente para evitar a queda. Os municípios têm de prestar serviços capazes de atender a qualquer cidadão. Nesse caso, no entanto, não houve qualidade”, diz Ana Alice Gasparini, assessora técnica da Fundação Procon, na capital.

A assessoria de imprensa do Semasa diz que foram tomados os cuidados de colocação de cavaletes e fita anti-reflexiva (ilumina o cavalete). O buraco foi aberto para reparos no encanamento de esgoto na rua. Quando chovia, a água suja transbordava em fendas no asfalto. O Semasa afirma que o reparo é demorado porque a tubulação foi quebrada e são usados equipamentos pesados.

A comerciante Sílvia Soliani Mascena, 43 anos, possui um comércio na rua Avaí. “Esse buraco já está aberto há 20 dias. Pedi ao Semasa na semana retrasada que o fechasse, mas não vieram”, diz Sílvia. O Semasa nega. Garante que abriu a cratera há apenas oito dias e que o trabalho foi finalizado segunda-feira. Afirmou que aterrará a vala nesta terça-feira. O aposentado Martins declarou que vai processar o Semasa.

Martins chegou às 17h30 ao Centro Hospitalar Municipal. Conta que somente às 19h fez exame de sangue, urina e radiografia. “Depois fiquei largado num canto, com dores nas costas. Não recebi medicação nem fiz tomografia. Ainda peguei uma infecção na uretra por causa de uma sonda.” A direção do hospital sustenta que o paciente foi medicado com drogas para dor e pressão alta e teve as funções vitais monitoradas. Na manhã do dia seguinte, a família, revoltada, levou Martins ao Hospital Heliópolis, na capital.  Ele já recebeu alta.



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